Nascida em Papari, Rio Grande do Norte, em 12 de outubro de 1810, Nísia Floresta foi uma mulher à frente de seu tempo e que lutou pelos direitos das mulheres e pela educação. Viveu em um período de transição política no Brasil, durante o qual o país estava passando do status de colônia para o de nação independente. Seu pai, o tenente-coronel Antônio Nunes da Cunha Pinto, era um oficial do exército português que lutou contra as tropas napoleônicas durante a Guerra Peninsular. Sua mãe, Dionísia Pinto, era uma brasileira que foi criada em uma família rica e influente. Ainda criança, Nísia Floresta aprendeu a ler e a escrever com sua mãe, e foi incentivada a estudar e a buscar conhecimento.
Em 1822, quando Nísia Floresta tinha apenas 12 anos de idade, o Brasil se tornou independente de Portugal. Essa transição política trouxe mudanças significativas para o país, e para as mulheres em particular. Antes da independência, as mulheres brasileiras eram proibidas de estudar em escolas formais e eram limitadas ao papel de dona de casa. Com a independência, no entanto, surgiram oportunidades para as mulheres se educarem e se envolverem em atividades intelectuais.
Em 1827, Nísia Floresta casou-se com Manuel Augusto de Faria Rocha, um oficial do exército brasileiro. O casal teve três filhos, mas o casamento foi infeliz e terminou em divórcio em 1837. Depois do divórcio, Nísia Floresta mudou-se para a Europa, onde passou a maior parte da sua vida adulta. Na Europa, Nísia Floresta conheceu muitos intelectuais e artistas, e se envolveu em movimentos políticos e culturais. Ela aprendeu francês, inglês, italiano e espanhol, e começou a escrever em vários idiomas. Em 1838, ela publicou o seu primeiro livro, “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens”, que foi uma das primeiras obras feministas no Brasil.
Em “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens”, Nísia Floresta argumenta que as mulheres têm o direito de se educar e de participar plenamente da vida intelectual e política da sociedade. Ela critica a ideia de que as mulheres são inferiores aos homens e defende a igualdade de gênero. Nísia Floresta também defende o direito das mulheres de escolherem seus próprios maridos e de se divorciarem se estiverem infelizes em seus casamentos.
Nísia Floresta continuou a escrever e a publicar obras ao longo de sua vida. Em 1844, ela publicou “A Mulher”, uma obra em que defende a educação para todas as mulheres, independentemente de sua classe social. Em 1859, ela publicou “Lágrimas de um Crente”, uma obra de teor religioso em que Nísia Floresta reflete sobre sua própria fé e crenças.
Além de seus escritos, Nísia Floresta também se envolveu em atividades políticas e sociais. Ela participou do movimento abolicionista na Europa, defendendo a abolição da escravidão no Brasil. Ela também trabalhou para melhorar a educação e a vida das mulheres brasileiras, promovendo a criação de escolas para meninas e defendendo a igualdade de gênero.
“Dê-se ao sexo uma educação religiosamente moral, desvie-se dele todos os perniciosos exemplos que tendem a corromper-lhe, desde a infância, o espírito, em vez de formá-lo á virtude, adornem-lhe a inteligência de úteis conhecimentos, e a mulher será não somente o que ela deve ser — o modelo de família — mas ainda saberá conservar dignidade, em qualquer posição que porventura a sorte a colocar.”
Nísia Floresta faleceu em Rouen, na França, em 24 de abril de 1885, aos 74 anos de idade. Ela é lembrada como uma pioneira do feminismo e da educação no Brasil, e sua obra continua a ser estudada e celebrada até os dias de hoje. A história de Nísia Floresta é um exemplo inspirador de como uma pessoa determinada e comprometida pode fazer a diferença em sua sociedade. Ela lutou por ideais que eram considerados radicais e controversos em sua época, e ajudou a abrir caminho para as mulheres brasileiras se educarem e se engajarem em atividades intelectuais e políticas. Sua obra é um testemunho de sua coragem, perseverança e dedicação à causa da igualdade de gênero e da justiça social.