Cultura Potiguar

João Baracho: conheça a história do bandido que para alguns foi um santo na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte

Natal, no Rio Grande do Norte, guarda em sua memória uma história inusitada e peculiar, a do bandido João Rodrigues Baracho, mais conhecido como “Baracho”. Ele foi um notório criminoso, especializado em assaltar e matar trabalhadores noturnos, com predileção pelos taxistas. Contudo, sua reputação adquiriu um aspecto quase místico após sua morte, com muitos o considerando um santo e fazendo peregrinações ao seu túmulo.
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Baracho era o terror das noites potiguares durante o início da década de 60. As ruas de Natal se tornaram palco de medo e insegurança devido aos seus constantes ataques, que duraram cerca de dois anos. O bandido foi preso diversas vezes, mas sempre conseguia escapar, refugiando-se principalmente nas cidades de São José do Mipibu e Monte Alegre.

Os moradores de Natal ainda se lembram com temor das noites em que Baracho estava solto. Os homens costumavam portar armas e facas, e muitas famílias permaneciam trancadas em suas casas, evitando abrir as portas até que o dia amanhecesse. Mas tudo mudou em abril de 1962, quando Baracho conseguiu serrar a cela de uma delegacia e se livrou de seis policiais. A cidade temeu, pois sabiam que os ataques voltariam a ocorrer.

Era questão de tempo até que Baracho fosse encontrado novamente. A polícia fechou o cerco em um bairro chamado Carrasco, onde suspeitavam que ele estivesse escondido. A manhã do fatídico dia de abril de 1962 marcou o fim do reinado de terror de Baracho. Segundo relatos, antes de ser morto, o criminoso teria pedido água a uma moradora local, que negou o pedido e acionou a polícia. No confronto com os oficiais, Baracho foi atingido por mais de trinta tiros e acabou morrendo.

Entretanto, a morte de Baracho não pôs fim à sua história. Ao contrário, deu início a um ritual que acontece até hoje no cemitério do Bom Pastor, onde o bandido foi enterrado. Acredita-se que Baracho morreu de sede, então, em visitas ao seu túmulo, admiradores do criminoso deixam recipientes com água, flores, velas e membros de madeira. Algumas pessoas até o consideram um santo, atribuindo a ele a realização de milagres.

A figura de Baracho tornou-se um paradoxo: um criminoso notório, temido e perseguido, que após a morte adquiriu a aura de um santo para parte da população. A trágica e inusitada história do “bandido d’água” demonstra como a realidade e a mitologia podem se mesclar, criando figuras que despertam sentimentos ambivalentes na população e que permanecem vivas na memória coletiva.

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