Se você considera o sal apenas como um simples tempero na culinária, saiba que ele é muito mais que isso. Esse mineral é um dos ativos mais valiosos do mundo, uma verdadeira riqueza que impulsiona significativamente a economia. No Brasil, estados como Rio de Janeiro, Ceará, Maranhão, Sergipe, Bahia e, principalmente, Rio Grande do Norte, produzem sal em grande escala. Especificamente o Rio Grande do Norte é responsável por impressionantes 95% de toda a produção nacional de sal. No cenário global, o Brasil ocupa a quinta posição entre os maiores produtores, uma lista que inclui potências como China e Chile. Vale destacar que o sal oriundo do Chile é uma concorrência expressiva para a indústria brasileira, tendo em vista que é importado por um valor inferior ao praticado pelos nossos produtores locais.
A tradição salineira potiguar remonta a séculos. Localizado no Nordeste brasileiro, o Rio Grande do Norte se beneficia das condições ideais para a evaporação da água do mar: altas temperaturas e ventos constantes. A região de Macau é o epicentro dessa produção, concentrando a maioria das salinas ativas. Com uma produção anual que ultrapassa os 95% de todo o sal marinho produzido no Brasil, o Rio Grande do Norte se estabeleceu como líder incontestável do mercado. Esse domínio não apenas impulsiona a economia local, mas também é crucial para várias indústrias nacionais que dependem do sal, desde a alimentícia até a química. O setor salineiro potiguar também representa uma importante fonte de empregos.
Apesar de sua relevância econômica, a indústria salineira enfrenta desafios. A crescente preocupação com os impactos ambientais da extração tem levado a debates sobre a sustentabilidade da atividade. A salinização do solo e a possível influência sobre os ecossistemas costeiros são questões frequentemente levantadas por ambientalistas. No entanto, a indústria tem mostrado esforços para se adaptar a práticas mais sustentáveis. Investimentos em tecnologia e processos mais eficientes, aliados a projetos de recuperação ambiental, têm sido uma constante.
A qualidade do sal potiguar também não passa despercebida no cenário internacional. Parte significativa da produção é exportada para países da América do Sul, Europa e África. O reconhecimento da pureza e qualidade do sal marinho do Rio Grande do Norte fortalece sua posição no mercado global. O título de maior produtor de sal marinho do Brasil é mais do que uma mera estatística para o RN. É uma representação da identidade, força e resiliência do povo potiguar, que, apesar dos desafios, continua a brilhar no cenário nacional e internacional.
Marília Mendonça conquistou o coração do público com suas letras sinceras e melodias envolventes. Seu talento excepcional e sua capacidade de expressar emoções autênticas a tornaram uma figura icônica no cenário da música brasileira. O tributo busca honrar seu legado, relembrando suas canções que marcaram gerações.
Com sua acústica impecável e infraestrutura moderna, o Teatro Riachuelo garantirá uma experiência única para os fãs de Marília Mendonça.
Junte-se a nós no Teatro Riachuelo para celebrar a vida e a música dessa talentosa artista através da interpretação cativante de Val Pinheiro.
Situado em 1943, na cidade de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, os Estados Unidos estabelecem a “Parnamirim Field”, sua maior base militar externa durante a Segunda Guerra Mundial. Esta base se torna um ponto de passagem para milhares de soldados americanos, cuja presença desencadeia mudanças significativas nas dinâmicas familiares locais trazendo não somente dólares e eletrodomésticos mas também o glamour de uma cultura de Hollywood, a música das grandes bandas e a sensualidade de cantoras e atrizes famosas. Dentro desse contexto, a história se desenrola em torno de uma família de classe média, os Sandrini, que são abalados pelas novas circunstâncias: amores inesperados, reflexos de intrigas políticas, desafios aos preconceitos e testes para a coragem.
O filme possui uma constelação de estrelas como: Betty Faria, José Wilker, Paulo Gorgulho, Caio Junqueira, Edson Celulari, Ney Latorraca, Cláudio Mamberti, Silvio Guindane, Louise Cardoso, Catarina Abdala, Cláudia Mauro, Diogo Vilella, Louise Cardoso, Felipe Martins, Raul Gazolla entre dezenas de outros grandes atores e atrizes brasileiros. Assista ao filme agora mesmo no YouTube:
Em formato mais intimista e produzido justamente para apresentações nos principais teatros do país, “Simplesmente Roupa Nova” é sucesso de vendas e de público com diversas datas com ingressos esgotados. No Nordeste, os shows acontecem em Natal/RN (01/11 – Teatro Riachuelo Natal), Fortaleza/CE (02/11 – Teatro Riomar Fortaleza) e Recife/PE (05/11 – Teatro Guararapes).
A venda de ingressos, nas capitais do Rio Grande do Norte e Ceará, será realizada por meio da plataforma uhuu.com. Já na capital do Pernambuco, as entradas estarão disponíveis pelo site Sympla.com.br.
Ovacionados por onde passam, Cleberson Horsth, Ricardo Feghali, Kiko, Nando, Serginho e Fábio Nestares, trazem no repertório grandes sucessos como “Dona”, “A Viagem”, “Os Corações não são iguais”, “Coração Pirata”, “Linda Demais”, entre tantos outros, além de momentos de interação e aproximação com o público, relembrando momentos marcantes da carreira.
Este novo projeto do show Roupa Nova percorrerá as principais cidades do Brasil e promete reativar memórias e reviver grandes emoções, com uma história de clássicos que fazem parte da memória afetiva dos fãs.
Com exposição de várias espécies de orquídeas, incluindo a nativa Cattleya Granulosa, uma orquídea ameaçada de extinção e nativa do litoral nordeste, concursos e palestras sobre a planta, na 29ª edição da Exposição da Associação Orquidófila do Rio Grande do Norte (ExpoSorn), que acontece nos dias 25 a 27 de agosto, no Parque do Museu Câmara Cascudo, no Tirol. A entrada é aberta gratuitamente ao público que poderá também, comprar orquídeas no local.
Na sexta-feira, dia 25 de agosto, a partir das 9h, o espaço estará aberto ao público para visitação, jogos interativos com sorteio de orquídeas e votação técnica da mais bela orquídeas (por categoria). Além disso, uma palestra sobre manutenção de bonsais, que acontece às 14h30, pelo especialista na técnica, José Martins Fernandes. “Na palestra será tratado desde o como comprar bem um bonsai a espécies e como cultivá-lo”, pontua a presidente da associação, Gisélia Maria.
O público pode aproveitar a oportunidade para saber mais sobre cuidados com a planta e seu cultivo. Além disso, “podem admirar a beleza das flores”, ressalta Alciomar Cerqueira, diretor técnico da Sorn. Cerca de 15 orquidófilos, locais e de outras regiões, vão participar da mostra. E mais, colecionadores da planta estarão no local, bem como produtores de mudas e plantas adultas.
No sábado, 26/08, das 9h às 17h, e no domingo, de 9h às 16h30, o visitante além de poder comprar Orquídeas e assistir gratuitamente a palestras, irá conferir a exposição e contemplar as plantas premiadas pelo corpo de jurados técnico e da Exposorn, eleita pelo público.
Programação
5 de Agosto, às 14h30: Palestra “Manutenção de Bonsais” – Por José Martins Fernandes.
26 de Agosto, às 10h: Palestra “Cultivo de orquídeas em tronquinhos” – Por Fabiola Pons.
Às 15h: Palestra “Híbridos de Brassavola, cultivo no Nordeste” – Por João Maria Pontes e Antônio de Souza Marinho.
27 de Agosto, às 10h: Palestra: “Cultivo básico de orquídeas” – Por Auciomar Cerqueira
Quando os militares americanos chegaram a Natal em 1942, durante a efervescência da Segunda Guerra Mundial, encontraram uma cidade com uma população de 55 mil habitantes e apenas um refúgio noturno: o cabaré de Maria Boa. Maria Oliveira Barros, figura emblemática daqueles tempos, nasceu em 1920 em Remígio, uma localidade próxima a Campina Grande.
Na metrópole, a jovem Maria contribuía com a economia familiar, comercializando produtos na feira sob a supervisão de seu pai. Foi nesse cenário que ela ganhou o apelido de “Boa”. Enquanto alguns alegam que o apelido derivou de sua amabilidade com os frequentadores da feira, outros acreditam que ele fazia referência à sua notável beleza. Era uma mulher muita bonita e que chamava à atenção pelos seus lindos cabelos pretos e longos. Porém, esse pseudônimo não agradava ao seu pai, mas certamente a destacava aos olhos dos jovens da região. Muitos paravam em sua barraca apenas para admirá-la. Um desses jovens, particularmente, conquistou seu coração. Infelizmente, após seduzi-la e romper sua inocência, ele se recusou a casar-se com ela sob a justificativa de buscar alguém de um status social superior. Sentindo-se traída e com sua honra manchada, Maria enfrentou a rejeição de seu pai, que a expulsou de casa.
De forma abrupta, a jovem, outrora vista como exemplar e virtuosa, teve sua reputação manchada por uma única escolha. A menina do interior, antes admirada por sua beleza e postura reservada, foi estigmatizada por um único incidente. Seu pai, buscando manter sua imagem de homem honrado diante da sociedade, adotou uma postura rígida e condenatória, afirmando que não toleraria tal “desonra” em sua casa.
Ela mudou-se para João Pessoa por volta de 1935, onde inicialmente trabalhou em uma tipografia como secretária. No entanto, não levou muito tempo até que ela se encontrasse no mundo da prostituição. A narrativa de sua chegada a Natal é contada de maneira variada pelos historiadores. Por exemplo, Gomes de Melo sugere que ela já atuava em um bordel quando Madame Georgina, proprietária da Boate Estrela em Natal, ouviu falar de sua notoriedade e decidiu contratá-la. A estreia de Maria Boa na Estrela foi um evento marcante. Madame Georgina investiu pesado em seu vestuário, acessórios e na ambientação musical para fazer uma apresentação memorável aos frequentadores do local.
Naquela noite, ela cruzou o caminho de um dono de engenho e também funcionário público, que ficou encantado por ela. Ele passou a prover financeiramente para Maria e a visitava com frequência na Estrela. Meses depois, Maria descobriu que estava grávida. Ao saber da gravidez, o amante reagiu de forma violenta, agredindo-a de forma que resultou em um aborto. Profundamente traumatizada, Maria se distanciou da Boate Estrela e cortou laços com Madame Georgina.
O começo do empreendimento de Maria Boa em Natal
Na década de 1940, com sua perspicácia empreendedora, Maria identificou que Natal carecia de um espaço onde os homens locais pudessem se entreter, desfrutar de música, teatro, bebidas e conversas, acompanhados por mulheres elegantes e charmosas. Assim, ela decidiu inaugurar seu próprio cabaré, não se limitando apenas à prostituição, mas a um ambiente rico em apresentações culturais, como o teatro de revista, servindo também como ponto de encontro para os jovens da cidade. Com a chegada dos soldados americanos devido à Segunda Guerra, Maria Boa reconheceu uma oportunidade, ciente de que esses visitantes estariam dispostos a investir em tais diversões locais. Dessa forma, em parceria com um amigo, ela estabeleceu seu empreendimento na Rua Mermoz, situada na Cidade Alta.
Maria Boa valorizava a educação e cultura de suas funcionárias. Frequentemente, investia em livros para elas e financiava ingressos para teatros e concertos. Era comum avistá-la acompanhada de suas garotas em exposições artísticas. As mulheres contratadas para o cabaré eram selecionadas não apenas por sua beleza e elegância, mas também por sua perspicácia intelectual. No estabelecimento de Maria Boa, era esperado que elas pudessem engajar os homens em conversas estimulantes, o que, além de entreter, incentivava-os a prolongar sua estadia, consumindo mais alimentos e bebidas no bar, antes de se dirigirem aos quartos para finalizar a noite.
Com sua crescente fama, questionaram Maria Boa sobre o motivo de receber tanto respeito em Natal, considerando que era proprietária de um cabaré, tipo de estabelecimento que, apesar de ser frequentado secretamente, era publicamente estigmatizado. “Natal me respeita porque eu respeito Natal”, teria respondido Maria, conforme relatos populares.
Durante o apogeu do cabaré de Maria Boa, nas décadas de 50 e 60, acredita-se que entre 50 e 70 prostitutas atuavam no local. Eram carinhosamente referidas como “As meninas de Maria”, alcunha popularizada pelo historiador Luís da Câmara Cascudo. Estas mulheres vinham de diversas regiões do Brasil, muitas delas com trajetórias que espelhavam a da própria Maria – que, vale ressaltar, era vista menos como uma mera cafetina e mais como uma figura matriarcal. Muitas eram expulsas de seus lares por desafiar normas morais tradicionais. Maria as encontrava por meio de contatos feitos no cabaré ou era diretamente procurada, dada a reputação de seu estabelecimento como um dos cabarés mais renomados do Brasil.
O espaço concebido por Maria Boa rapidamente ganhou reconhecimento, atraindo tanto os locais quanto os americanos que desembarcavam na cidade. Sua fama se estendeu ao ponto de ser homenageada em aeronaves que decolavam da Base Aérea de Natal, com algumas exibindo pinturas com seu retrato. Inclusive, um desses aviões recebeu seu nome como batismo.
A história de Maria Boa é uma mistura de uma realidade difícil, empoderamento feminino e a capacidade humana de superar desafios. Sua vida e legado continuam a inspirar gerações, servindo como um lembrete da rica tapeçaria cultural que compõe a história do Rio Grande do Norte. Maria Boa não é apenas uma lembrança de uma era passada, mas também um testemunho da resiliência, determinação e espírito empreendedor de uma mulher à frente de seu tempo.
Em 22 de agosto, celebra-se o Dia do Folclore. Luís da Câmara Cascudo, renomado folclorista brasileiro, define o folclore como a cultura popular solidificada pela tradição. Trata-se de uma tapeçaria de conhecimentos, crenças e práticas enraizadas no valor emocional que detêm para as comunidades. Contrariamente à percepção de muitos, o folclore não é um relicário do passado. Ele está em constante evolução. Contudo, novos componentes que se juntam a esta cultura frequentemente adotam uma aura de tradição para sua aceitação. Elementos obsoletos ou que perderam sua relevância são naturalmente descartados. Portanto, o folclore é uma entidade viva, sempre em metamorfose.
Cobras da Lagoa de Extremoz
No final do século XVI, estabeleceu-se o aldeamento de São Miguel do Guajiru. Em 1760, essa localidade foi elevada à categoria de primeira vila do estado. No entanto, em 1855, o centro administrativo do município foi transferido para a localidade de Boca da Mata. Essa última então recebeu o status de vila e foi renomeada para Ceará-Mirim. Como consequência dessa transição, Extremoz foi relegada ao esquecimento, tornando-se uma aldeia quase fantasma, cercada de histórias e lendas. Dizem:
“No tempo dos frades, a lagoa era povoada por duas cobras enormes. Uma, muito feroz e atrevida, devorava os banhistas e quem atravessasse a lagoa se devia pegar com S. Miguel para que a cobra não viesse agarrá-lo. Especialmente as crianças eram as vítimas preferidas pela fome inextinguível do ofídio. A outra cobra era mansa. Limitava-se a assobiar tristemente nas tardes em que seu companheiro nadava perseguindo os incautos.
Que cobras eram estas? Foram duas crianças pagãs que os indígenas jogaram dentro da lagoa, a conselho dos pajés, para que os padres não as batizassem. Viraram cobras e estavam cumprindo penitência.
Num domingo, depois da missa, um padre missionário veio até a margem da lagoa e falou em nome de Deus, todo poderoso. Intimou-as a comparecer na igreja, naquela tarde, às horas da benção do Santíssimo Sacramento. A cobra fêmea, tardinha, saiu da lagoa, arrastou-se, repelente e viscosa, ára a vila, espavorindo quem a avistava. Atravessou a praça e enrolou todo o edifício da igreja com seu imenso corpo reluzente, juntando a cabeça e a cauda na soleira da porta principal. Do altar-mor, paramentado, o Vigário admoestou-a à santa obediência e, erguendo a mão, abençoou-a. A cobra desenroscou-se, voltou, coleante e terrível, para as águas da lagoa. Nunca mais saiu nem fez mal. Vez por outra vêm seu dorso negro, sobrenadando.
O companheiro, desobediente, não veio à igreja. O padre amaldiçoou-o da porta do templo, em voz alta e em latim. A cobra excomungada nadou para o outro lado da lagoa, esgueirou-se pelo mato, ansiada e bufando como uma locomotiva, derrubando arbustos com o açoite furioso da cauda poderosa. No sítio estirou-se e morreu. Nesse local nunca mais cresceu capim e a estreita faixa de areia no meio da vegetação reproduz fielmente o contorno da serpente fantástica”. (CASCUDO, Geografia dos Mitos Brasileiros).
Fernando de Noronha poderia ser potiguar, mas é pernambucana. A ilha passou por um processo de disputa ao longo da história, foi tomada e devolvida, e por fim, continuou pertencendo ao estado de Pernambuco. Apesar de estar situada a 545 km da costa pernambucana e mais próxima, a 360 km da costa potiguar, Fernando de Noronha, um arquipélago que abrange 26 quilômetros quadrados e compreende 21 ilhas e ilhotas, pertence a Pernambuco.
O arquipélago foi descoberto pelo navegador português Fernão de Noronha ou Loronha, 1.º Senhor da Ilha de Fernando de Noronha, em 10 de agosto de 1503, por uma expedição portuguesa que navegava pela costa sul-americana. Com o tempo, Fernando de Noronha rapidamente se estabeleceu como um santuário marinho. Ao contrário do que muitos podem pensar, a ilha nunca foi parte do território do Rio Grande do Norte. Apesar da proximidade geográfica, o fato de nunca ter sido colonizada pelos potiguares consolidou seu destino fora do domínio potiguar.
As ricas águas de Noronha chamaram a atenção de potências estrangeiras. Ingleses, franceses e holandeses estiveram entre os principais colonizadores da ilha. Essas ocupações geraram uma série de conflitos territoriais, não só da ilha, mas também em partes do continente. Contudo, em 1700, o território foi oficialmente atribuído a Pernambuco, devido, principalmente, à presença dos primeiros nativos que a habitavam.
A importância estratégica de Noronha também foi sentida no século XX. Durante a Segunda Guerra Mundial e o período da ditadura militar iniciado em 1964, o arquipélago teve um papel crucial para as forças armadas brasileiras. Uma prisão edificada no século XVIII, inclusive, chegou a deter figuras notórias, como Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco e avô de Eduardo Campos, posteriormente também governador do estado.
A gestão federal sobre Noronha, em seus últimos anos, destinou cerca de 70% do arquipélago a um parque marítimo, preservado até hoje. No entanto, em 1988, o decreto federal nº 4102 foi revogado, reincorporando Noronha ao domínio de Pernambuco.
Atualmente, a administração da ilha permanece sob responsabilidade do governo pernambucano, com um administrador-geral nomeado pelo governador. O turismo, aproveitando as belezas naturais e a biodiversidade marinha, é o motor econômico de Noronha, posicionando o arquipélago entre os destinos mais desejados do Brasil.
Originalmente, o grupo indígena Tarairiú habitava os territórios que hoje correspondem aos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Estabelecendo-se nas regiões áridas da caatinga, suas habitações eram frequentemente encontradas nas margens de rios emblemáticos como o Jaguaribe, Apodi, Piranhas-Açu, Sabuji e Seridó. Foi precisamente nestes vales que a histórica Guerra do Açu se desenrolou. Importante mencionar que este povo se reconhecia pelo nome de Oxtakawane.
De acordo com estudiosos da história brasileira, os Tarairiú possuíam uma singularidade linguística entre os povos originários do nordeste. Acredita-se que estavam linguisticamente ligados ao tronco macro-jê, compartilhando essa afinidade com grupos como os Cariri. A riqueza e unicidade da cultura Tarairiú chamaram a atenção de artistas e estudiosos. O artista neerlandês Albert Eckhout foi um dos que eternizou a imagem dos Tarairiú em suas representações artísticas dos tapuias. Além dele, Elias Herckmans, na função de administrador da Paraíba na época, também contribuiu para a documentação da cultura e tradições desse povo. Sua obra “Descripção geral da Capitania da Parahyba”, publicada em 1639, é uma janela para a compreensão desse grupo indígena tão significativo para a história nordestina.
Características dos Tarairiú
Conhecidos por serem um dos grupos indígenas mais documentados da América, os Tarairiú apresentam uma rica tapeçaria cultural e social. Curiosamente, suas aldeias muitas vezes adotavam nomes baseados em suas principais lideranças, como evidenciado pelas comunidades janduí, paiacu e canindé. Analisando especificamente os janduís, observamos traços comuns que definem a cultura tarairiú. Eles eram, por natureza, semi-nômades, migrando para o litoral durante a temporada de colheita de caju, além de se dedicarem à caça e à coleta de mel.
Em termos de armamentos, os Tarairiú eram proficientes no uso de propulsores, dardos, arcos, flechas e tacapes. Também eram agricultores habilidosos, cultivando produtos como milho, fumo, diversos legumes, abóboras peculiares em formato de bilha e mandioca. Um aspecto intrigante de seu método agrícola era a fumigação das sementes e do solo durante o plantio. Socialmente, muitos grupos tarairiús eram organizados em duas metades distintas.
Rituais e costumes desempenhavam um papel crucial em suas vidas. Um exemplo é a prática de consumir uma bebida feita de sementes, que era frequentemente seguida por um estado de transe induzido pelos feiticeiros da tribo.
A culinária dos Tarairiú exibia técnicas únicas, como assar alimentos usando brasas subterrâneas. Esteticamente, tanto homens quanto mulheres exibiam longas madeixas de cabelo. Além disso, havia uma ênfase significativa em rituais de passagem, marcando a iniciação das crianças na cultura tribal por volta dos sete ou oito anos de idade.
O grupo Tarairiú, em sua configuração original, era composto por aproximadamente 22 subgrupos distintos. Valentes e destemidos, aliaram-se aos neerlandeses para resistir à colonização portuguesa durante as incursões neerlandesas em território brasileiro. Diante da tentativa de expansão portuguesa em suas terras, os Tarairiú não hesitaram em enfrentá-los. Entre 1630 e 1730, travaram intensos combates, que são vistos por muitos como a mais significativa guerra indígena ocorrida no Brasil.
Grupos afiliados dos Tarairiú
Presumivelmente
Ariú
Camuçu ou Kamaçu
Canindé
Reriú
Javó
Janduí
Jenipapo-canindé
Jenipabuçu
Paiacu
Sucuru ou Xucuru
Tucuriju
Uriú
Possivelmente
Corema
Panati
Pega
Infelizmente, a história dos povos indígenas no Brasil, incluindo a dos Tarairiú, é marcada por períodos de violência, desterritorialização e invisibilização. Com o tempo, muitos desses grupos foram exterminados ou assimilados, perdendo boa parte de sua cultura e tradições.
Hoje, iniciativas de resgate histórico e cultural buscam reconhecer e valorizar a presença e contribuição dos Tarairiús no legado do sertão potiguar. A memória deste povo é um testemunho da rica diversidade de culturas que formam a identidade brasileira e reforça a necessidade de proteção e valorização dos povos originários.
Em um contexto atual de reconhecimento dos direitos indígenas, a história dos Tarairiú nos lembra da resistência e da importância de preservar e valorizar a memória dos povos que estiveram aqui muito antes da chegada dos primeiros europeus. Eles são parte integrante e fundamental da tapeçaria cultural e histórica do Rio Grande do Norte e do Brasil.
Dez shows. Esse era o plano inicial. Mas acabaram sendo 22 apresentações. Ao todo, 600.000 pessoas passaram por um portal e viveram a experiência Titãs Encontro, reconstituindo memórias e, ao mesmo tempo, construindo novas lembranças. E, assim que soaram os últimos acordes da turnê que reúne Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto, o público demonstrou que não estava preparado para se despedir desse portal mágico. E nem os artistas! Idealizadoras da turnê, a 30e a Bonus Track Entretenimento anunciam, então, as últimas oportunidades para comparecer novamente ou para presenciar este espetáculo pela primeira vez. Agora, é Titãs Encontro – Pra Dizer Adeus. O grupo passará por cidades em que já se apresentou, mas também contemplará na agenda novos lugares.
“Desde a estreia do Titãs Encontro, sempre soubemos que este era um projeto com início, meio e fim. E não por falta de demanda, que, desde o anúncio da turnê, foi insana. Mas pela multiplicidade artística que existe em cada um dos integrantes”, comenta Guss Luveira, Vice Presidente de Marketing da 30e . “Essas novas datas serão realmente as últimas. Sem blefe, sem jogada de marketing. É, de fato, a última oportunidade ‘pra dizer adeus'”, ele complementa. Toda estrutura que fez da turnê Titãs Encontro algo revolucionário no showbiz brasileiro seguirá presente nas novas datas, como os telões de LED, as artes criadas para o espetáculo, a emocionante homenagem a Marcelo Fromer (por meio da participação de sua filha, Alice Fromer) e as músicas que marcaram gerações. O público, porém, pode esperar por novidades no repertório. “Só os Titãs seriam capazes de reunir na mesma esquina artística a música, a poesia, o teatro e o audiovisual. São esses elementos, além de toda performance, que fazem deste espetáculo algo grandioso, impactando várias gerações”, afirma Otavio Juliano, diretor artístico de Titãs Encontro, que complementa: “Os Titãs são artistas destemidos. É como o trapezista que não usa rede de proteção. Durante a turnê, percebi que, no caso deles, a rede de proteção era o público. Isso foi muito emocionante. Sem falar no legado que esse projeto vai deixar, mostrando que artistas nacionais merecem ter a estrutura que precisam para um espetáculo de alto nível”.
“Vamos matar as saudades e celebrar não apenas os 40 anos de Titãs, dos quais fiz parte nos dez primeiros, mas também os mais anos ainda de amizade” – Arnaldo Antunes