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Se o destino é moldado pelas ações que tomamos ao longo do caminho, a jovem Victoria Barros, de meros 13 anos, está dando os passos certos rumo ao seu grande sonho: tornar-se uma tenista profissional e elevar o nome do Brasil nas competições mais prestigiadas do planeta.

Nascida na cidade do Natal, no Rio Grande do Norte, essa promissora potiguar já alçou voos além das fronteiras nacionais e, atualmente, aprimora suas habilidades na França, sob a orientação de Patrick Mouratoglou, treinador de renome que já colaborou com lendas do tênis, como Serena Williams. E parece que Victoria já está causando impacto: conquistou três títulos em suas primeiras três competições na Europa. Victoria conquistou o título nas três competições consecutivas em que competiu no Chipre, sendo duas em Limassol e uma em Larnaca. Aos 13 anos, superou adversárias que chegavam até os 18 anos e possuíam rankings notáveis. Apesar de sua idade, já está posicionada entre as 650 primeiras na categoria juvenil com uma extrema maturidade.

“Desde que cheguei aqui, notei uma grande evolução. Minha mãe sempre me diz: O que você pratica no treino, reproduz em jogo. Então, se sua preparação não é boa, é inútil. Se treinar diariamente, com intensidade e disciplina, naturalmente estará pronta para ótimos jogos e torneios. Reconheço a importância do ranking, mas idade ou posição não definem tudo. Eu não tinha um ranking estabelecido, mas fui lá e dei o meu melhor, assim como qualquer outra pessoa pode fazer. Seu desempenho vale muito mais do que sua reputação. Consegui ganhar os primeiros três torneios ITF, fiz uma pontuação muito boa, ganhando os três. Antes já havia a possibilidade de entrar na fundação do Patrick, e quando eu ganhei o primeiro torneio ITF eles já anunciaram oficialmente. Agora estou aqui na fundação dele.”

Com um golpe poderoso e uma inteligência aguçada nas quadras, Victoria Barros destaca sua constante concentração nos treinos, buscando aprimorar seu jogo tanto técnica quanto mentalmente. A jovem tenista de 13 anos admira Serena Williams e Roger Federer, mas também se inspira em nomes emergentes do tênis e na brasileira Beatriz Haddad Maia, que recentemente ascendeu ao top 10 de simples da WTA.

“As minhas inspirações no tênis sempre foram o Roger Federer e a Serena Williams. Infelizmente agora já deu o tempo deles, nada é para sempre né?! Então agora sou muito fã da Bia, muito fã. A Sabalenka também gosto bastante. No masculino eu gosto bastante do Alcaraz e do Holger Rune. Queria parabenizar e muito a Bia. O que ela está fazendo pelo tênis feminino brasileiro é incrível. Eu conheci pessoalmente, é uma pessoa muito trabalhadora. Tudo que ela está fazendo agora não foi fácil, exigiu muito trabalho para conseguir. Nosso tênis está evoluindo cada vez mais, o feminino principalmente, nunca foi tão famoso. A Bia agora top 10 do mundo, a Luisa e a Pigossi com a primeira medalha na Olimpíada, então o tênis está dando mais um passo agora no Brasil.”

Victoria Barros teve início no Beach Tennis

Embora seu amor seja pelo tênis, foi através do Beach Tennis, esporte com muitas semelhanças, que sua paixão se acendeu. Sempre acompanhada de sua mãe, sua principal aliada nesse início de jornada rumo ao topo, Victoria viajou pelo Brasil até cruzar caminhos com Patrick Mouratoglou, que se encantou por seu talento nas quadras. Ao relembrar sua trajetória até a França, ela valoriza cada memória e, acima de tudo, cada lição aprendida.

“Tudo começou com a minha mãe, ela sempre foi do esporte, sempre jogou vôlei, beach tennis, e eu sempre tive muito contato com ela. Foi do beach tennis que eu me interesse mais pelo tênis, fui lá na quadra conhecer e gostei do esporte, comecei a jogar. Em 2018 eu saí de Natal e fui para São Paulo, para o Instituto Tênis e lá eu fiquei oito meses, e foram oito meses muito bons, de aprendizado. Sempre com a minha mãe. Depois recebi uma proposta de Curitiba para ir ao Instituto Ícaro, e lá foram dois anos e meio, consegui evoluir, ter contato com pessoas muito boas. Depois voltei para São Paulo, para a Rede Tênis Brasil e lá fiquei cerca de um ano e meio, dois anos, e comecei a jogar torneios internacionais, a me destacar nesses torneios, ganhei meu primeiro de nível internacional – com destaque para um de atletas de 14 anos disputado nas quadras de Roland Garros -, e aí o Patrick (Mouratoglou) foi ao Brasil (em visita ao Brasil em 2021), mas no primeiro dia a gente não teve muito contato. No segundo ele me mandou uma mensagem perguntando se eu queria ir treinar com ele por uma hora e meia, e eu não ia falar não (risos). Era uma oportunidade muito grande, fui lá treinar com ele e foi assim que tudo começou. Depois de alguns torneios a gente decidiu vir pra França, foi uma decisão muito difícil, mas valeu muito a pena. Estou conseguindo evoluir bastante. Chegamos na França em janeiro, já estou no quinto mês aqui, trabalhando bastante, já consegui ganhar bons torneios. É tudo muito novo para mim, mas já estou me acostumando. Evoluindo bastante, aproveitando o momento.”

Mesmo com sua tenra idade, Victoria demonstra uma maturidade impressionante ao abordar um tema lamentavelmente persistente no mundo dos esportes: a luta contra o racismo. Negra, oriunda do nordeste e atuando em um esporte frequentemente visto como de acesso restrito, mesmo com vários projetos sociais em vigor, a jovem potiguar de 13 anos expressou suas opiniões sobre a questão e fez questão de destacar a postura de Vinicius Jr. diante das situações vivenciadas durante a temporada na Espanha.

A ascensão de Victoria Barros no mundo do tênis não é apenas uma conquista pessoal, mas também um triunfo para o esporte brasileiro. Em um país onde o tênis muitas vezes fica à sombra do futebol, a trajetória de Victoria prova que o Brasil tem potencial para brilhar em diversas modalidades esportivas. Para os fãs potiguares e brasileiros, o futuro parece brilhante, e o nome “Victoria Barros” é, sem dúvida, um nome a ser lembrado nas próximas temporadas. A estrela potiguar está apenas começando sua jornada, e o mundo do tênis está ansiosamente aguardando seu próximo movimento.