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Rio Grande do Norte

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João Fernandes Campos Café Filho, nascido em Natal no dia 3 de fevereiro de 1899, foi um renomado advogado e político brasileiro. Ele se destacou como o 18º presidente do Brasil, ocupando o cargo de 24 de agosto de 1954 até 8 de novembro de 1955. Antes disso, entre 1951 e 1954, exerceu a função de 13º vice-presidente brasileiro e, simultaneamente, presidiu o Senado Federal. Café Filho tem a distinção de ser o único natalense e o primeiro protestante a assumir a presidência brasileira. Junto com Ernesto Geisel, são os únicos presidentes protestantes do país. Além disso, ele foi o primeiro presidente nascido após a Proclamação da República.

Nascido no Rio Grande do Norte, Café Filho começou sua carreira como jornalista na juventude. Entre os anos de 1918 e 1919, destacou-se como o primeiro goleiro do Alecrim Futebol Clube. Ele detém a notável distinção de ser o único presidente brasileiro que atuou como jogador de futebol em competições adultas. Na esfera política, Café Filho esteve ativamente envolvido na campanha da Aliança Liberal em 1930. Em 1933, fundou o Partido Social Nacionalista (PSN) no Rio Grande do Norte. Anos depois, associou-se à criação do Partido Social Progressista, ligado a Ademar Pereira de Barros. Foi eleito deputado federal em 1934 e 1945.

No entanto, seu ativismo político não foi sem desafios. Em face de suas constantes denúncias na Câmara sobre a possibilidade de um golpe, Café Filho enfrentou represálias. Em 14 de outubro de 1937, sua casa foi alvo de uma invasão policial e seu cunhado, Raimundo Fernandes, foi detido. Para evitar sua própria prisão, Café Filho se manteve em ocultação até 16 de outubro. Com a ajuda do deputado José Matoso de Sampaio Correia, conseguiu asilo político na embaixada da Argentina e, posteriormente, exilou-se no país vizinho de novembro de 1937 a maio de 1938.

Café Filho nas eleições de 1950

No pleito de 1950, Ademar de Barros, governador de São Paulo e líder do Partido Social Progressista (PSP), condicionou seu apoio à candidatura presidencial de Getúlio Vargas à indicação de Café Filho para a vice-presidência. Essa imposição encontrou resistência em Getúlio, uma vez que Café Filho era visto com desconfiança por militares e pela igreja católica, por ser percebido como um político de inclinações esquerdistas. Em sua trajetória, Café Filho se opôs à aplicação da Lei de Segurança Nacional em 1935 e, em outubro de 1937, posicionou-se contra o estado de guerra proposto com base no Plano Cohen, um documento falso usado para justificar a instauração da ditadura do Estado Novo. No parlamento, advogou contra a anulação do registro do PCB e a cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas. Era também um fervoroso defensor da legalização do divórcio.

Incomodado com a hesitação de Getúlio, Ademar foi incisivo em sua mensagem à mídia: “A eleição de Vargas depende do PSP”, declarou. E, de forma determinada, acrescentou: “A candidatura do Café Filho a vice-presidente será mantida, independentemente dos obstáculos”. Diante dessa pressão, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) só oficializou a candidatura de Café Filho junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na data limite para o registro eleitoral. Mesmo formando a mesma chapa, a desconfiança entre Getúlio e Café Filho permaneceu evidente.

Em 1950, as votações para presidente e vice-presidente eram separadas. Ainda assim, Café Filho sagrou-se vitorioso na corrida pela vice-presidência, superando o segundo colocado, Odilon Duarte Braga da União Democrática Nacional (UDN), por uma margem de 200 mil votos. Adicionalmente, Café Filho foi reeleito como deputado federal pelo Rio Grande do Norte (conforme permitido pela legislação eleitoral da época). Ele se destacou ao receber mais de 19 mil votos, superando renomados políticos do estado, como Aluízio Alves, Djalma Marinho, Valfredo Gurgel, Jerônimo Dix-huit Rosado e José Augusto Bezerra de Medeiros.

Café Filho como vice-presidente do Brasil

Durante seu mandato como vice-presidente do Brasil, Café Filho também desempenhou o papel de presidente do Senado Federal de 1951 a 1954. Em reconhecimento ao seu serviço e mérito, foi homenageado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, uma honraria portuguesa, em 20 de setembro de 1951.

No cenário de instabilidade que se seguiu ao atentado da rua Tonelero, o Brasil enfrentou uma intensa crise política. Em meio a essa turbulência, Café Filho propôs a Getúlio Vargas que ambos entregassem seus cargos ao mesmo tempo, possibilitando a formação de um governo interino de coalizão. Vargas, ponderando a proposta, buscou o conselho de amigos, inclusive o ministro da justiça, Tancredo Neves. Neves aconselhou Vargas a descartar a sugestão, considerando-a uma estratégia astuta de Café Filho. Após refletir, Getúlio comunicou a Café Filho sua decisão de permanecer no cargo. Em resposta, Café Filho declarou que, uma vez que sua sugestão foi recusada, ele não se sentia mais compelido a manter sua lealdade inabalável a Getúlio e ressaltou: “Se por algum motivo o senhor deixar este palácio, é meu dever constitucional assumi-lo”.

Café Filho foi presidente do Brasil

Após o trágico suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954, Café Filho assumiu a presidência, mantendo-se no cargo até novembro de 1955. Em abril daquele ano, ele foi honrado com a Grã-Cruz da Banda das Três Ordens. Durante seu mandato, destacou-se pela adoção de políticas econômicas liberais, lideradas pelo economista Eugênio Gudin. Este era um firme defensor de medidas econômicas ortodoxas e propôs a redução de gastos públicos, o limite de crédito, a criação de uma taxa única de eletrificação e a retenção automática do imposto de renda sobre salários, sempre visando combater a inflação.

Contudo, divergências surgiram e, em abril, Gudin renunciou. As razões incluíam descontentamentos locais com as políticas cambiais e demandas políticas do governador de São Paulo, Jânio Quadros. O sucessor de Gudin foi José Maria Whitaker, que enfrentou desafios significativos em sua gestão, resultando em sua renúncia em outubro de 1955. Mário Leopoldo Pereira da Câmara assumiu o posto até janeiro do ano subsequente.

Conforme registros da Presidência, seu governo teve outras realizações notáveis, como a criação da Comissão para determinar o local da nova capital federal, a inauguração da usina hidrelétrica de Paulo Afonso e o estímulo ao investimento estrangeiro, impulsionando o processo de industrialização do país. Visando a coesão e o apoio parlamentar, Café Filho sempre enfatizava o caráter temporário de sua gestão e sua falta de ambições políticas maiores. Seu mandato foi, assim, marcado por uma postura conciliatória, contando com a colaboração de militares, empresários e políticos.

Em novembro de 1955, Café Filho teve que se afastar da presidência por problemas de saúde. Em seu lugar, assumiu Carlos Luz, presidente da Câmara, que foi rapidamente deposto após tentar barrar a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek.

Após sua passagem pela presidência, Café Filho dedicou-se ao ramo imobiliário no Rio de Janeiro. Em 1961, a convite do governador Carlos Lacerda, aceitou a posição de ministro no Tribunal de Contas da Guanabara, onde atuou até sua aposentadoria em 1969. Café Filho faleceu no Rio de Janeiro em 20 de fevereiro de 1970. Em suas memórias, ele confessou: “Admito que não estava preparado para ser presidente, e acredito que ninguém realmente esteja”. Sua partida foi lamentada por diversas personalidades, incluindo o almirante Augusto Rademaker, vice-presidente do Brasil na época, e Bento Munhoz da Rocha, ex-governador do Paraná, que expressou seu pesar dizendo que sentia a perda “como a de um inestimável aliado”. Café Filho foi enterrado no Cemitério de São João Batista, situado no Rio de Janeiro.

Talita Cipriano (Fat Family) e Lí Martins Grupo Rouge) interprete de juntas atuarão no show “Uma Saudação às Divas” com direção e criação de Rafael Mello.

O espetáculo que é sucesso de publico por onde passa, já foi assistido por mais de 100 mil pessoas e está cheio de novidades, o diretor afirma que os figurinos serão replicas idênticas usados antes por Whitney e Céline e conta com um grande elenco de Cantores e Músicos.

O espetáculo promete muita emoção com Banda ao vivo, Bailarinos e mais de 50 trocas de figurinos, além de peças originais usados pelas grandes Divas vindo de New York.

Intérpretes: Lí Martins e Talita Cipriano
Produção: Danielson Maroto
Direção e Criação: Rafael Mello
Assessoria: LMenezesassessoria
Direção Musical: Lucas Silva

Para mais informações e para comprar os seus ingressos, acesse:
https://uhuu.com/evento/rn/natal/uma-saudacao-as-divas-11672

Duração: 70 minutos.
Classificação: 12 anos. Acesso de crianças e adolescentes ao Teatro: desacompanhados dos pais ou responsáveis legais somente maiores de 18 anos. O Alvará de Disciplinamento da 1a Vara da Infância e da Juventude com outra indicação será divulgado na data do recebimento

Consegue identificar a bicicleta na imagem acima? Está posicionada logo abaixo do homem de cabelos acaju, o renomado Kid Lima. Detentor de quatro recordes no Guinness Book por manobrar a bicicleta mais minúscula do mundo, este brasileiro é reconhecido como um dos maiores equilibristas em duas rodas globalmente. Contudo, paradoxalmente, foi ofuscado em seu país.

Frank Sinatra já presenciou Ava Gardner, Marilyn Monroe e Lauren Bacall sem vestimentas. Já assistiu a Martin Luther King derramando lágrimas enquanto ele entoava “Ol’ Man River”, um hino contra o racismo. E até já se emocionou com 170 mil brasileiros cantando “My Way” em um Maracanã abarrotado. Contudo, nada se comparava àquilo. Estávamos em 1988, no luxuoso hotel Fointanebleau em Miami. A celebração? Uma campanha de arrecadação para o Haiti, que reuniu as grandes estrelas do entretenimento. E o destaque? Um adulto equilibrando-se em uma bicicleta de míseros 6 cm (sim, menor que uma caixa de cigarros). Era o ápice da performance do artista brasileiro Kid Lima, o mágico do ciclismo.

“Na plateia, Sinatra, Michael Jackson e Julio Iglesias aplaudiam entusiasmados. Após a apresentação, Sinatra se aproximou e compartilhou que jamais tinha presenciado algo tão único quanto o meu ato”, relata Lima, direto de sua residência em Las Vegas. Se até Sinatra, com toda sua experiência na indústria do entretenimento, estava surpreso, era porque realmente aquele feito era inédito. E permanece sendo. Kid Lima conquistou um espaço no Guinness Book, o Livro dos Recordes, em quatro ocasiões, sempre como o ciclista das menores bicicletas do mundo – a mais pequena delas, com apenas 6 cm, foi fruto de sua própria engenhosidade.

Euclides Medeiros de Lima dedicou sua vida a manter o equilíbrio sobre duas rodas. Nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, ele é o sexto de nove irmãos e filho de um mecânico. Em sua juventude, era frequentador assíduo das apresentações circenses que visitavam sua cidade, sendo os números de bicicleta os que mais capturavam sua atenção. Armado com as habilidades adquiridas na oficina de seu pai, Euclides recriava proezas complexas – como desmontar sua bicicleta em movimento até que restasse apenas uma roda – ao se apresentar nas ruas de Natal.

Aos 13 anos, o jovem autodidata Euclides exibiu seus talentos acrobáticos ao proprietário do renomado circo Tihany, que prontamente o convidou a integrar a equipe. Sem que sua família soubesse, pegou um ônibus rumo a Fortaleza para reunir-se ao grupo circense. Ao tomar conhecimento da fuga do filho, seu pai acionou o Juizado de Menores e enviou o irmão mais velho de Euclides para buscá-lo. Após seu retorno, enfrentou uma severa reprimenda por parte do pai, que determinou que ele só deixaria o lar aos 18 anos, após concluir, no mínimo, o ensino secundário. Contudo, apenas um ano mais tarde, Euclides conseguiu persuadir sua mãe a fornecer-lhe dinheiro para uma passagem aérea até o Rio de Janeiro, mantendo essa decisão em segredo do pai.

Ao desembarcar na então capital brasileira, trazendo consigo sua fiel bicicleta, Euclides foi ao encontro do renomado palhaço Carequinha, a grande estrela circense daquele 1958. Após demonstrar sua performance, foi imediatamente contratado pelo aclamado artista, que sugeriu uma pequena alteração: “O nome ‘Euclides’ não vai funcionar! A partir de agora, você será conhecido como Kid Lima”. Em pouco tempo, Kid Lima já estava se apresentando no programa televisivo de Carequinha e viajando pelo Brasil sob a asa protetora do circo. “Ele me tratava como se fosse seu próprio filho”, relembra. Durante essa fase, Kid deixou de lado outra de suas paixões: a luta livre.

Após sua experiência com Carequinha, Kid Lima explorou outros palcos renomados, incluindo os circos de Jarbas Olimecha e Franz Tihany. Também marcou presença nos programas televisivos de figuras como Arrelia, Flávio Cavalcanti, Moacyr Franco, Hebe Camargo, entre outros. “Jarbas foi quem me instruiu que não era suficiente apenas apresentar meu ato; eu precisava entender de vestuário, saber como me comunicar com o público e tornar o espetáculo mais envolvente. Ele sugeriu, por exemplo, que eu posicionasse a bicicleta sobre o banquinho de um elefante”, relembra Kid. “Quando Kid chegou ao Rio, já dominava a bicicleta com maestria. No entanto, seu visual ainda era bem simples, usando camisetas de times de futebol”, comenta Luiz Olimecha, sobrinho de Jarbas e fundador da Escola Nacional de Circo.

Pouco tempo após sua chegada ao Rio, Kid já se aventurava em terras estrangeiras, partindo com a bênção de sua mãe para um espetáculo em um cassino de Mar del Plata. Esse foi o ponto de partida para uma extensa e aclamada jornada internacional, englobando quase todos os países da América Latina, Europa e Ásia. Sua carreira incluiu uma residência de 12 anos no Japão e períodos significativos em Las Vegas, com apresentações em renomados cassinos como Caesar Palace, MGM e Tropicana. “Tenho registros de 162 nações em meus passaportes. E domino oito idiomas, incluindo o japonês”, declara Kid com orgulho, um autodidata que cursou apenas até a quinta série. “Me apresentei duas vezes no show do Ed Sullivan, palco onde os Beatles fizeram sua estreia nos EUA. Em Tóquio e Las Vegas, sou frequentemente reconhecido e abordado para autógrafos.”

Durante as décadas de 60 e 70, Kid Lima já havia consolidado sua posição como um dos mais destacados equilibristas em bicicleta do planeta, introduzindo novidades, como uma manobra onde a bicicleta era erguida sobre um pedestal. Porém, foi no início da década de 80 que ele desenvolveu seu ato mais icônico: a pedalada em uma minibicicleta (para ter noção do feito, é recomendável assistir a este vídeo). Inicialmente, a bicicleta media 30 cm, o que já lhe garantiu uma menção no Guinness Book. Com o passar do tempo, a bicicleta foi ficando ainda menor, proporcionalmente ao aumento da popularidade do ato. Kid ainda adicionou um elemento cativante: ele desafiava alguém da plateia a tentar pedalar a minibicicleta, oferecendo um prêmio que podia alcançar US$ 20 mil. “A pessoa geralmente acaba caindo, e a plateia se diverte à beça”, comenta Kid, rindo da própria criação mesmo após três décadas de apresentações.

Sem dúvida, Kid Lima é um nome que ficará para a história, não apenas do ciclismo, mas como um símbolo de determinação e sucesso.

Inaugurado em 1951, este farol, com seus 37 metros de altura, não é apenas uma estrutura de concreto e luz. Ele é um monumento à história de uma mulher de nome Luiza, mais conhecida como Mãe Luiza, que teria sido uma das primeiras moradoras do local onde o bairro que leva seu nome está localizado. Conta a lenda que ela era uma parteira, lavadeira e líder comunitária amplamente respeitada na região, conforme diferentes relatos.

Localizado em uma das áreas mais elevadas da cidade, o farol permite uma vista panorâmica incrível de Natal. Dali, é possível enxergar o contraste entre a urbanização e a preservação da natureza, particularmente das dunas que compõem a paisagem local. O farol foi tombado pela Fundação José Augusto por sua importância cultural para o Estado do Rio Grande do Norte.

Erguida em forma cilíndrica e composta por tijolos, esta torre destaca-se por sua lanterna e dupla galeria. A estrutura de concreto iniciada em 1949 e finalizada dois anos mais tarde é acompanhada por uma escadaria em espiral com 151 degraus. Do seu topo, os visitantes podem apreciar a deslumbrante vista da praia de Areia Preta e, em dias claros, é possível vislumbrar as praias de Genipabu e Ponta Negra. O farol, sob administração da Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte, irradia lampejos de luz em intervalos de 12 segundos, cobrindo uma distância de 44 quilômetros. Devido à sua relevância, a imagem do Farol de Mãe Luiza já foi utilizada como logomarca da Prefeitura Municipal do Natal.

O Farol de Mãe Luiza é mais do que um local turístico; é uma homenagem viva à cultura potiguar. As comunidades ao redor, em especial a Comunidade de Mãe Luiza, são um testemunho da força e da resistência do povo de Natal. Ao longo dos anos, a área enfrentou e superou inúmeros desafios socioeconômicos, sempre com o farol servindo de constante lembrete da luz que guia mesmo nas noites mais escuras. Recentemente, o farol passou por um processo de restauração, garantindo sua preservação para as futuras gerações. As autoridades locais e os moradores reconhecem sua importância não apenas como um marco náutico, mas como uma joia cultural e histórica.

Nesta sexta-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou o Novo PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, que destinará R$ 45,1 bilhões para projetos e serviços no Rio Grande do Norte, conforme informado pelo governo federal. Dentro do programa para o estado, destacam-se projetos como a duplicação de segmentos da BR-304, a edificação de um novo Hospital de Urgências e Emergências especializado em Trauma e Neurocirurgia em Parnamirim, situado na região metropolitana de Natal. Além disso, inclui-se a construção de residências pelo programa Minha Casa, Minha Vida e iniciativas hídricas, como a Barragem de Oiticica, o Ramal do Apodi e a adutora do Agreste potiguar.

O plano prevê a edificação de unidades básicas de saúde e a retomada de construções em escolas e creches em diversos municípios do Rio Grande do Norte. O programa abrange a continuação de obras interrompidas, aceleração de projetos em curso e o início de novos empreendimentos. Um exemplo é o hospital de Parnamirim, um projeto anteriormente divulgado pelo governo estadual, mas que ainda não teve suas obras iniciadas.

Em relação à Barragem de Oiticica, a construção, que teve início em 2013, encontra-se em andamento e está situada em Jucurutu, no Oeste potiguar. Espera-se que, ao ser finalizada, tenha capacidade para conter cerca de 590 milhões de metros cúbicos de água, beneficiando 43 municípios e aproximadamente 800 mil pessoas. Apesar de ter 90% de seu projeto concluído, a finalização da barragem foi adiada de 2022 para dezembro de 2023 devido à falta de recursos, conforme informações do governo estadual. Além disso, entre os projetos em curso contemplados no programa, está a duplicação da Reta Tabajara, localizada na BR-304, em Macaíba. Outros segmentos dessa rodovia também estão incluídos no plano. Há ainda a previsão de construção da BR-104, que conectará Macau à Paraíba.

Conforme informações do governo federal, o Novo PAC tem previsão de aporte de aproximadamente R$ 1,68 trilhão em todos os estados brasileiros. Desse montante, mais de R$ 1,3 trilhão serão investidos até 2026 e um valor superior a R$ 300 bilhões após esse ano. A origem dos recursos compreende o orçamento geral da união, aportes de empresas estatais, financiamentos e contribuições do setor privado. A estrutura do Novo PAC é baseada em diretrizes institucionais e se divide em nove principais Eixos de Investimento.

Como será feito investimento em cada área no Rio Grande do Norte:

Inclusão digital e conectividade: Propõe-se a fornecer internet de alta performance para todas as instituições educacionais públicas e centros de saúde. Adicionalmente, enquanto se promove a expansão da tecnologia 5G, haverá a implementação de rede 4G em estradas e áreas mais isoladas. Para este propósito, o estado receberá um investimento de R$ 3 bilhões.

Saúde: O plano inclui a edificação de novas unidades de saúde básicas, policlínicas, maternidades e a aquisição de ambulâncias adicionais visando ampliar o acesso a cuidados especializados. Há também previsão de investimento no setor industrial de saúde, buscando robustecer a disponibilidade de vacinas e hemoderivados, bem como a implementação da telessaúde, otimizando a qualidade do atendimento ao público em todas as instâncias. O aporte financeiro previsto para o estado é de R$ 6,3 bilhões.

Educação, ciência e tecnologia: O foco é na edificação de creches, implementação de escolas de período integral, e na atualização e ampliação de Institutos e Universidades Federais. O montante destinado a essas iniciativas no estado é estimado em R$ 14,8 bilhões.

Educação, ciência e tecnologia: As ações priorizam a construção de creches, a introdução de escolas em tempo integral e a renovação e expansão de Institutos e Universidades Federais. O investimento planejado para estas medidas no estado é de aproximadamente R$ 14,8 bilhões.

Cidades sustentáveis e resilientes: O projeto visa à edificação de novos lares pelo programa Minha Casa Minha Vida, além do financiamento para compra de propriedades. Há ainda um compromisso com a renovação sustentável da mobilidade urbana, a requalificação de favelas, melhoria do saneamento básico, gestão eficiente de resíduos e ações de prevenção a deslizamentos e inundações. O aporte financeiro para essas ações no estado alcança R$ 2,1 bilhões.

Água para todos: O objetivo é assegurar o fornecimento de água limpa e abundante para todos, inclusive nas regiões mais isoladas, além de promover a revitalização de bacias hidrográficas e medidas conjuntas para preservar, conservar e restaurar recursos hídricos. O aporte destinado a estas iniciativas no Rio Grande do Norte é de R$ 6,5 bilhões.

Transforme eficiente e sustentável: Investimentos direcionados a rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias, buscando otimizar os custos de produção doméstica e ampliar a competitividade brasileira no cenário internacional. Para o Rio Grande do Norte, o montante estimado é de R$ 2,3 bilhões.

Transição e segurança energética: Através do programa “Luz para Todos”, o Novo PAC almeja alcançar uma cobertura total no Nordeste e acelerar o atendimento a comunidades remotas na Amazônia Legal. Também estão previstos aportes no pré-sal para ampliar a produção de derivados e combustíveis sustentáveis no país. Este eixo tem como objetivo assegurar a diversificação da matriz energética, garantindo, assim, segurança e eficiência para o Brasil. No Rio Grande do Norte, o valor destinado é de R$ 3,5 bilhões.

Inovação para a indústria da defesa: Modernizar o país com tecnologias avançadas e fortalecer a capacidade defensiva nacional. O montante alocado para o estado é de R$ 6,3 bilhões.

Estes investimentos têm o potencial de transformar a economia do Rio Grande do Norte, gerando empregos, fortalecendo a infraestrutura e melhorando a qualidade de vida de sua população.

As espécies de morcegos encontradas nas cavernas do Rio Grande do Norte desempenham um papel vital na biodiversidade da região, agindo como polinizadores de várias plantas endêmicas da Caatinga. A importância desses animais é ressaltada por Juan Carlos Vargas Mena, ecologista costarriquenho e explorador da National Geographic Society. Mena veio ao Brasil para contribuir com a tarefa de mapear, monitorar e conservar os morcegos do Rio Grande do Norte, que habitam mais de 1,3 mil cavidades, das quais somente 400 possuem proteção legal. “Há muitas outras cavernas sem proteção, o que torna esses animais vitais vulneráveis”, alerta.

A expedição explorou 65 cavernas inexploradas no estado, com resultados significativos para a conservação dos morcegos locais, incluindo a descoberta de uma colônia do raro morcego Xeronycteris vieirai, endêmico da Caatinga.

A localização dessa colônia, na Serra do Feiticeiro, foi possível graças ao uso de um transmissor GPS em um indivíduo capturado da espécie. Segundo Mena, esta é a primeira colônia da espécie mapeada no Brasil. O Xeronycteris é responsável pela polinização de plantas icônicas da região, como o xique-xique e o mandacaru. Outro achado surpreendente foi uma enorme colônia do morcego-beija-flor (Glossophaga soricina), com cerca de cinco mil indivíduos. Essa espécie tropical, conhecida por se alimentar do néctar de flores, é raramente encontrada em colônias tão grandes.

Foto de Juan Carlos Vargas Mena.
Foto de Juan Carlos Vargas Mena.

A expedição também revelou um dos raros registros do morcego-de-cabeça-chata-sul-americano (Neoplatymops mattogrossensis), com Mena fotografando uma fêmea amamentando seu filhote. Esta espécie é notável por se refugiar em fissuras estreitas, tornando a captura e observação um grande desafio. Uma foto incrível do explorador, não é mesmo?

Por que os morcegos do Nordeste devem ser preservados?

Mena ressalta três aspectos vitais da pesquisa dos morcegos: proteção dos próprios morcegos, conservação dos ecossistemas de cavernas e preservação da flora da Caatinga. A importância dos morcegos vai além da polinização, incluindo a sustentação da vida em ambientes de cavernas através das fezes, que servem de alimento para outros organismos. Além disso, as cavernas são vulneráveis a atividades humanas como turismo, mineração e coleta de guano.

Identificar abrigos de alta diversidade de morcegos, grandes colônias ou espécies raras é fundamental para proteger esses ambientes. “Quanto mais conhecemos, mais poder temos para buscar medidas legais de preservação, evitando consequências como a perda de biodiversidade e desertificação da Caatinga”, conclui Mena.

De acordo com reportagem do Diário de Natal, publicado no dia 01 de dezembro de 1976, o trecho diz na primeira página: “Morro do Careca tem dono. Desde 1920 é aforado a D. Amélia”.

A matéria dizia: “As dunas do Morro do Careca não pertencem mais ao Estado. Essa verdade foi constatada ontem pelo Diário de Natal ao confirmar a existência de uma velha carta de aforamento, datada de 1920, onde a Sra. Amélia Machado, a Viúva Machado, é dona de pelo menos 600 hectares, desde o mar até a Barreira do Inferno, nos limites com Pirangi. Na sua casa, a Viúva Machado não pode falar sobre suas terras, mas familiares confirmaram que encontraram a velha carta de aforamento e que a Prefeitura e o Governo do Estado já estão informado. O advogado da família, Sr. César Cabral, vai discutir o assunto com o Governo do Estado, em termos de indenização, já que a própria família defende a preservação da área apoiando o Diário de Natal.”

Confira a reprodução da matéria

O Morro do Careca e parte da Barreira do Inferno são de propriedade da Sra. Amélia Duarte Machado, de acordo com velhos documentos dos idos de 1920, que comprovam o título de posse de uma área de cerca de 600 hectares, no trecho entre a praia de Ponta Negra e o município de Eduardo Gomes (atualmente Parnamirim). Por se encontrar enferma — submeteu-se a uma cirurgia no fêmur e seus 94 anos não permitem maiores esforços, a Sra. Amélia Machado não pôde atender a reportagem do Diário de Natal, no seu casarão estilo neoclássico, ao lado da igreja do Rosário. Alguns parentes, contudo, afirmaram que “as terras são da viúva Machado”.

O problema da posse do Morro do Careca surgiu há alguns meses, mas somente foi denunciado há menos de 60 dias, por uma solicitação do Sr. Daniel Gosson, junto ao Departamento de Divisão de Terras da Secretaria da Agricultura. Pretendia o requerente executar um projeto de “reflorestamento” no local. Com a ameaça de graves prejuízos à ecologia da cidade, o governador Tarcísio Maia declarou que não permitiria mais nenhum tipo de construção ao longo dos Morros de Natal, e que todas as terras seriam consideradas de interesse público. Àquela data, o governador ainda não sabia que as terras pertenciam à Viúva Machado.

Segundo informações de alguns parentes da Viúva Machado, antes de solicitar a carta de aforamento o Sr. Daniel Gosson entrou em contatos com a proprietária das terras, querendo fazer um negócio. Nenhum negócio foi feito nem os documentos mostrados ao interessado, que imediatamente entrou com o requerimento, pois acreditou que as terras pertenciam ao Governo do Estado. Quando todos acreditavam que o problema do Morro do Careca havia sido solucionada, a Sra. Amélia Machado buscou em seus velhos documentos algumas plantas daquela área e constatou que as terras lhes pertencia, como também grande parte da Barreira do Inferno. O advogado Sr. César Cabral está de posse de todos os velhos documentos. Pretende a família acertar tudo com o governador Tarcísio Maia, “sem conflitos de interesse, pois não somos políticos nem estamos com intenção de brigar desnecessariamente”, declarou o Sr. Humberto Micussi, filho adotivo da Viúva Machado, acrescentando que “sabemos da necessidade de preservar aquela área verde. O governador está certo”.

O advogado César Cabral, que se encontra em viagem, logo que retorne encontra em viagem, logo que retorne entrará novamente em contato com o Sr. Luiz Liberato, responsável pelo Departamento da Divisão de Terras da Secretaria de Agricultura do Estado, visando à realização de uma reunião com o governador do Estado, quando então seria definida qual a solução para o impasse.

Informaram ainda os parentes da Viúva Machado que a maioria daquelas terras pertencia à família, mas algumas áreas foram loteadas, há alguns anos. Em nenhum momento, pensou-se em lotear o Morro do Careca para fins imobiliários, nem mesmo com as ofertas feitas pelo Sr. Daniel Gosson. Preferiram esperar mais alguns tempos. Relembra o Sr. Humberto Micussi que há muito anos, “quando o Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales ainda era padre”, uma considerável área foi doada pela família Machado, ao então padre, para ele construir um local para retiros religiosos, que tempo depois também seria transformado em casa de Hóspedes. As terras realmente pertencem à Sra. Amélia Duarte Machado, segundo os velhos documentos. O governador Tarcísio Maia foi taxativo em declarar que toda a área seria considerada de interesse público. A área vive constantemente ameaçada pela invasão de posseiros e a cidade necessita de áreas verdes, para que sua ecologia não seja prejudicada.

Somente com a chegada do advogado da Viúva Machado e do governador Tarcísio Maia, – este último se encontra em Brasília, onde manteve contatos com o presidente Ernesto Geisel – é que será solucionado o caso do Morro do Careca. “Solução?”. Encontraremos nos contatos, que vamos manter com o governador. Só não queremos criar conflitos, concluiu um dos parentes.

Na verdade, a Viúva Machado foi tapeada

Matéria publicada no Diário de Natal afirma que as terras realmente eram do Estado e a Viúva Machado não teria o direito as terras:

Mesmo que a Sra. Amélia Machado tenha documentos que comprovem a posse do Morro do Careca e parte das terras da Barreira do Inferno, a gleba pertence ao Estado, porque nenhum tributo foi pago pela família, desde que conseguiu a carta de aforamento, no início do século. Segundo o secretário da Agricultura, Sr. Moacir Duarte, as terras devolutas mesmo que estejam aforadas só prevalece o direito de aforamento visando a utilização agro-pastoril. “O aforamento configura apenas o domínio útil da gleba e não o domínio pleno”, disse. Hoje as terras do Morro do Careca pertencem, portanto, ao Governo do Rio Grande do Norte. Além disso, tanto que a fiscalização para impedir a subida do morro tem o monitoramento da Polícia Ambiental e o Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (IDEMA).

A Praia de Pipa no Rio Grande do Norte está redobrando os esforços para atrair visitantes de Portugal, aproveitando a recente ampliação dos voos da TAP Air Portugal para a região. Uma colaboração entre o Movimento Preserve Pipa, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Norte (ABIH-RN) e a Prefeitura de Natal foi formada com o objetivo de impulsionar e fortalecer o turismo proveniente do país europeu.

Esta ação estratégica ocorreu em resposta ao anúncio da companhia aérea portuguesa, que aumentou o número de viagens semanais entre Lisboa e Natal de cinco para sete, proporcionando um voo direto todos os dias. A mudança foi confirmada na semana passada.

Dois profissionais renomados da mídia portuguesa, Miguel Leitão, coordenador e repórter da TVI, e Inês Simões, apresentadora e comentarista, visitaram a Praia de Pipa entre os dias 5 e 7 de agosto. Eles tiveram a chance de experimentar as atrações exclusivas da região de Tibau do Sul, desfrutando da gastronomia local em diversos restaurantes, participando de passeios exclusivos, como uma aventura de quadriciclo e um passeio de canoa havaiana na Lagoa de Guaraíras durante o pôr do sol, além de aproveitar os serviços da hotelaria local.

Wanderson Borges, cofundador do Preserve Pipa, destacou que a iniciativa foi planejada com o foco em reacender o interesse dos turistas portugueses na Praia da Pipa. Ele comentou: “O público português adora Pipa. Durante muitos anos, eles foram o nosso principal cliente internacional. Neste projeto, trouxemos jornalistas e influenciadores do país para alcançar diretamente o público final e reacender o desejo de desfrutar das nossas belas atrações.”

Esta medida demonstra um compromisso em resgatar a vital conexão turística entre Portugal e a Praia de Pipa, e sinaliza uma tentativa promissora de revigorar o turismo na região em meio à expansão da conectividade aérea.

A expressão “Papa Jerimum,” usada para se referir aos habitantes do estado do Rio Grande do Norte, tem sua origem na época das Capitanias Hereditárias. A expressão “Papa-Jerimum” pode trazer à mente imagens da culinária e cultura do Rio Grande do Norte, mas o maior folclorista do Brasil, Luís da Câmara Cascudo, oferece uma perspectiva surpreendente. Segundo Cascudo, o jerimum nunca foi um alimento característico do Rio Grande do Norte. Durante muito tempo, o estado comprou a abóbora de seus vizinhos, Paraíba e Pernambuco.

Na segunda metade do século XVIII, uma prática econômica notável emergiu em várias regiões do Brasil: o uso de alimentos como moeda de troca. Esta forma de comércio ilustra a diversidade e a criatividade das economias locais da época, adaptando-se às realidades e recursos disponíveis em cada estado. Nos estados do Maranhão e Ceará, o novelo de algodão fiado foi utilizado como moeda de troca durante esse período. O algodão, então uma commodity significativa, tornou-se mais do que apenas uma matéria-prima para tecidos; ele representou um meio tangível de troca no comércio diário. Mais tarde, a farinha de mandioca também assumiu esse papel, refletindo sua importância na dieta e na economia local.

Ainda mais ao norte, no estado do Pará, a moeda de troca assumiu uma forma ainda mais curiosa: pacotes de ovas de tainha. As ovas de tainha, um recurso marinho valorizado, não apenas serviam como alimento, mas também como um meio de troca em um sistema econômico único. Esses exemplos ilustram a maneira inventiva e adaptável com que diferentes regiões do Brasil responderam às necessidades econômicas da época. A utilização de alimentos como moeda de troca não era apenas uma curiosidade histórica, mas uma solução prática e culturalmente significativa para as comunidades que exploraram esses métodos.

O estudo dessas práticas oferece uma janela fascinante para a vida econômica e social do Brasil durante o século XVIII, destacando a complexidade e a riqueza das tradições locais que continuam a moldar a identidade nacional até hoje.

Segundo Câmara Cascudo, o termo nasceu durante a “desastrada” administração de Lopo Joaquim de Almeida Henriques, que governou a capitania do Rio Grande entre 1802 e 1806. Sua gestão foi marcada por controvérsias e decisões questionáveis, culminando em sua exoneração. O episódio que selou o destino de Henriques foi sua ordem de retirada imediata, emitida pelo Capitão-General de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Esse momento histórico deixou uma marca duradoura na memória cultural da região, dando origem à expressão “papa-jerimum.”

Diz-se que Lopo Joaquim “mandou fazer roçados de mandioca pela tropa em lugares por onde hoje se estende a cidade, e plantações de melancia, de que tirava a parte do leão” (Gonçalves Dias). Lopo também teria cultivado jerimuns/abóboras.

“Não se fala em jerimum e menos ainda que o governador pagasse tropa e funcionários com os produtos de sua lavoura. Não há outra oportunidade para a criação da lenda e não existe um único documento oficial em que esse episódio seja mencionado. Puro folclore!”, cita Cascudo.

O Norte-Rio-Grandense é denominado papa-jerimum (abóbora) porque diz a lenda ter sido com esse fruto que pagavam-se aos funcionários da Capitania. No ano de 1906, uma coluna provocativa no famoso Jornal Diário de Natal chamou a atenção dos leitores e acrescentou uma nova dimensão à lenda dos “papa-jerimum”. Na coluna intitulada “De meu canto”, o autor, escrevendo sob o pseudônimo “Neto”, fez uma alegação notável sobre a situação política local. Ele publicou a pretensão do então governador Pedro Velho de pagar aos funcionários com salários em atraso usando jerimuns, uma alusão clara ao polêmico presidente de província Lopo Joaquim, citado anteriormente. Essa comparação não era apenas uma crítica à administração de Pedro Velho, mas também uma referência irônica à história associada a Lopo Joaquim.

Então o apelido pegou e vive até hoje. O folclorista conta que Francisco Gomes da Rocha Fagundes (conhecido como Chico Gordo), senador pelo Rio Grande do Norte em 1899, ouviu em pleno Senado a piada do “jerimum fiduciário”. O senador deu uma resposta feliz: “Paga com jerimum, mas paga! E o Estado de V. Excia. fica devendo!”.

A ligação exata entre essa administração e a expressão permanece um assunto de especulação e debate. No entanto, a análise de Cascudo nos leva a uma compreensão mais profunda do contexto e da complexidade dos eventos da época. Em vez de uma simples alcunha, “papa-jerimum” se tornou um símbolo de uma era e de um governo específico, refletindo as tensões e os desafios políticos do Rio Grande do Norte no início do século XIX. É um lembrete da maneira como as palavras e as expressões podem capturar e preservar momentos cruciais da história, tornando-se parte da identidade cultural de uma região.

Alecrim representa um dos bairros mais populares e antigos na cidade de Natal, a capital do estado brasileiro do Rio Grande do Norte. Com a reputação de ser um verdadeiro núcleo de comércio popular da cidade, é amplamente reconhecido e frequentado pelos moradores locais. Se você não encontrou no Google, certamente encontrará no Alecrim.

De acordo com o renomado historiador Luís da Câmara Cascudo, o bairro do Alecrim em seus primórdios era uma vasta área aberta, marcada por plantações de mandioca e milho. A região contava com apenas quatro habitações rudimentares de taipa, cobertas de palha e sem reboco, conhecidas como capuabas, espalhadas aproximadamente em uma légua quadrada.

O bairro já teve diversos nomes ao longo de sua história, como Refoles, Alto da Santa Cruz e Cais do Sertão. Uma das etapas significativas na formação do Alecrim foi a inauguração do Cemitério Público em 1856. Essa ação foi realizada pelo Presidente da Província, Antônio Bernardo de Passos, em resposta a uma epidemia de cólera que elevou as taxas de mortalidade na cidade.

Em 1882, o Presidente das províncias do Rio Grande do Norte, nomeado por carta imperial de 25 de fevereiro de 1882, de 13 de abril de 1882 a 21 de julho de 1883, Francisco de Gouveia Cunha Barreto, deu início à construção do Lazareto da Piedade, que mais tarde se tornou o Hospital dos Alienados. Naquela época, o Alecrim era uma região selvagem, atravessada pela antiga estrada dos Guarapes, que servia como rota de acesso ao sertão. A Praça Pedro II foi uma das primeiras a ser agraciada com fileiras de casas.

Há uma história de que uma senhora, conhecida como Ana Alecrim, tinha o hábito de decorar os caixões de crianças, apelidadas de “anjinhos”, com ramos de alecrim para os enterros no cemitério, o que teria dado origem ao nome do bairro. Uma outra versão atribui o nome à presença abundante da planta alecrim-do-campo na área. Entretanto, a formalização do Alecrim como o quarto bairro de Natal só aconteceu em 23 de outubro de 1911.

O desenho do bairro Alecrim começou a tomar forma sob a liderança do Prefeito Omar O’Grady. Em 1929, ele chamou o arquiteto italiano Giacomo Palumbo para esboçar o Plano de Sistematização para a expansão urbana de Natal. Diz-se que Palumbo, inspirado pela cultura americana, projetou avenidas e ruas amplas, numeradas de 1 a 12, alternando a numeração com nomes de figuras históricas e tribos.

A famosa feira do Alecrim teve início de forma não oficial através de José Francisco, um nativo da Paraíba residente em São José do Mipibu, na década de 1920. A feira começou funcionando aos domingos sob uma mangueira na avenida que hoje leva o nome de Amaro Barreto. Em 23 de março de 1957, Câmara Cascudo reconheceu José Francisco como o fundador da feira, mas apenas no ano seguinte, a Câmara Municipal de Natal aprovou uma lei para sua operação, com uma placa de bronze sendo fixada na rua Nove.

Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, a instalação da Base Naval em Natal acelerou a urbanização do bairro, atraindo pessoas do sertão e outras regiões para negócios na capital. O Alecrim foi oficializado como bairro pela Lei Nº. 251, em 30 de setembro de 1947, durante a administração do Prefeito Sílvio Pedrosa, e teve seus limites ajustados pela Lei nº. 4.330, em 5 de abril de 1993, publicada no Diário Oficial do Estado em 7 de setembro de 1994.

A cena cultural do Alecrim foi marcada pela presença de cinemas até a década de 1980, incluindo o São Luiz, São Pedro, São Sebastião, Paroquial e Olde, que foram fechando gradualmente. Durante os carnavais, a cidade se concentrava nas ruas Sílvio Pélico, Amaro Barreto e áreas próximas para assistir aos desfiles de carros alegóricos, conhecidos como corsos.

O bar Quitandinha, situado na Praça Gentil Ferreira, também faz parte da rica história do bairro. Funcionando como um ponto de encontro, especialmente para boêmios, desde os tempos da Segunda Guerra Mundial, o lugar era famoso pelas conversas que se estendiam até o amanhecer.