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Oxtakawane

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Originalmente, o grupo indígena Tarairiú habitava os territórios que hoje correspondem aos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Estabelecendo-se nas regiões áridas da caatinga, suas habitações eram frequentemente encontradas nas margens de rios emblemáticos como o Jaguaribe, Apodi, Piranhas-Açu, Sabuji e Seridó. Foi precisamente nestes vales que a histórica Guerra do Açu se desenrolou. Importante mencionar que este povo se reconhecia pelo nome de Oxtakawane.

De acordo com estudiosos da história brasileira, os Tarairiú possuíam uma singularidade linguística entre os povos originários do nordeste. Acredita-se que estavam linguisticamente ligados ao tronco macro-jê, compartilhando essa afinidade com grupos como os Cariri. A riqueza e unicidade da cultura Tarairiú chamaram a atenção de artistas e estudiosos. O artista neerlandês Albert Eckhout foi um dos que eternizou a imagem dos Tarairiú em suas representações artísticas dos tapuias. Além dele, Elias Herckmans, na função de administrador da Paraíba na época, também contribuiu para a documentação da cultura e tradições desse povo. Sua obra “Descripção geral da Capitania da Parahyba”, publicada em 1639, é uma janela para a compreensão desse grupo indígena tão significativo para a história nordestina.

Características dos Tarairiú

Conhecidos por serem um dos grupos indígenas mais documentados da América, os Tarairiú apresentam uma rica tapeçaria cultural e social. Curiosamente, suas aldeias muitas vezes adotavam nomes baseados em suas principais lideranças, como evidenciado pelas comunidades janduí, paiacu e canindé. Analisando especificamente os janduís, observamos traços comuns que definem a cultura tarairiú. Eles eram, por natureza, semi-nômades, migrando para o litoral durante a temporada de colheita de caju, além de se dedicarem à caça e à coleta de mel.

Em termos de armamentos, os Tarairiú eram proficientes no uso de propulsores, dardos, arcos, flechas e tacapes. Também eram agricultores habilidosos, cultivando produtos como milho, fumo, diversos legumes, abóboras peculiares em formato de bilha e mandioca. Um aspecto intrigante de seu método agrícola era a fumigação das sementes e do solo durante o plantio. Socialmente, muitos grupos tarairiús eram organizados em duas metades distintas.

Rituais e costumes desempenhavam um papel crucial em suas vidas. Um exemplo é a prática de consumir uma bebida feita de sementes, que era frequentemente seguida por um estado de transe induzido pelos feiticeiros da tribo.

A culinária dos Tarairiú exibia técnicas únicas, como assar alimentos usando brasas subterrâneas. Esteticamente, tanto homens quanto mulheres exibiam longas madeixas de cabelo. Além disso, havia uma ênfase significativa em rituais de passagem, marcando a iniciação das crianças na cultura tribal por volta dos sete ou oito anos de idade.

O grupo Tarairiú, em sua configuração original, era composto por aproximadamente 22 subgrupos distintos. Valentes e destemidos, aliaram-se aos neerlandeses para resistir à colonização portuguesa durante as incursões neerlandesas em território brasileiro. Diante da tentativa de expansão portuguesa em suas terras, os Tarairiú não hesitaram em enfrentá-los. Entre 1630 e 1730, travaram intensos combates, que são vistos por muitos como a mais significativa guerra indígena ocorrida no Brasil.

Grupos afiliados dos Tarairiú

Presumivelmente

  • Ariú
  • Camuçu ou Kamaçu
  • Canindé
  • Reriú
  • Javó
  • Janduí
  • Jenipapo-canindé
  • Jenipabuçu
  • Paiacu
  • Sucuru ou Xucuru
  • Tucuriju
  • Uriú

Possivelmente

  • Corema
  • Panati
  • Pega

Infelizmente, a história dos povos indígenas no Brasil, incluindo a dos Tarairiú, é marcada por períodos de violência, desterritorialização e invisibilização. Com o tempo, muitos desses grupos foram exterminados ou assimilados, perdendo boa parte de sua cultura e tradições.

Hoje, iniciativas de resgate histórico e cultural buscam reconhecer e valorizar a presença e contribuição dos Tarairiús no legado do sertão potiguar. A memória deste povo é um testemunho da rica diversidade de culturas que formam a identidade brasileira e reforça a necessidade de proteção e valorização dos povos originários.

Em um contexto atual de reconhecimento dos direitos indígenas, a história dos Tarairiú nos lembra da resistência e da importância de preservar e valorizar a memória dos povos que estiveram aqui muito antes da chegada dos primeiros europeus. Eles são parte integrante e fundamental da tapeçaria cultural e histórica do Rio Grande do Norte e do Brasil.