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hidrogênio verde

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O alto valor do aporte, oriundo da multinacional produtora de aerogeradores de origem alemã, Nordex, em parceria com sua acionista espanhola Acciona, aponta para o crescente interesse global na produção de energia limpa e no papel do Brasil como protagonista nesse cenário. O projeto, batizado de “Alto dos Ventos”, visa a construção de um Complexo Industrial voltado para a produção de Hidrogênio e Amônia verde. A iniciativa será erguida em uma vasta área de 10 hectares, tendo sua base industrial situada no município de Macau/RN.

Atualmente, o processo de licenciamento já foi iniciado junto ao Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema), garantindo que todas as normas ambientais e regulatórias sejam atendidas, reforçando o comprometimento das empresas envolvidas com a sustentabilidade e o respeito ao ecossistema local.

De acordo com informações do Idema, o projeto contemplará uma estação pioneira localizada no Vale do Assu, com a geração de energia predominante proveniente de fontes eólicas (70%) e solares (30%). O Termo de Referência foi encaminhado em julho e, atualmente, encontra-se em análise pelo instituto. O empreendedor dispõe de um prazo de 180 dias para submeter o Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Se todos os documentos estiverem em ordem e não houver necessidade de informações adicionais após o envio do EIA, o Idema terá igual período, de 180 dias, para finalizar a avaliação do projeto.

Hugo Fonseca, coordenador de desenvolvimento energético da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte (Sedec/RN), informa que já foram realizadas reuniões com a empresa para discutir diretrizes relacionadas à política de desenvolvimento dessa fonte de energia. “O projeto encontra-se em licenciamento e possui alguns desafios que ainda precisam ser superados. O mais importante é o custo nivelado de produção”, explica o coordenador que frisa ainda haver um longo caminho a percorrer. “Desde o desenvolvimento da infraestrutura para produção, armazenamento e exportação, com destaque para o novo Porto-Indústria Verde, como principal meio logístico para viabilizar a produção e exportação, como também o desenvolvimento de incentivos fiscais tanto a nível federal como estadual”, diz Hugo Fonseca.

Quando empregado como combustível, o hidrogênio é percebido como um elemento chave para um futuro livre de carbono. Isso se dá pelo fato de sua combustão resultar somente na emissão de vapor de água, sem liberar poluentes na atmosfera, diferentemente do que ocorre com o carvão ou petróleo. No entanto, essa conversão exige significativa quantidade de energia. Nesse cenário, o Rio Grande do Norte se destaca, sendo líder em geração de energia eólica, com 7,43 gigawatts de capacidade instalada. Além disso, possui potencial para gerar 140 gigawatts de energia limpa offshore, o que equivale à energia produzida por dez usinas hidrelétricas de Itaipú.

O hidrogênio verde é produzido usando energia renovável para dividir as moléculas de água em hidrogênio e oxigênio, um processo conhecido como eletrólise. Como não produz emissões de gases de efeito estufa, o hidrogênio verde é cada vez mais visto como uma ferramenta fundamental para alcançar os objetivos de neutralidade de carbono.

Lideranças do Rio Grande do Norte estão buscando capitalizar o crescente interesse internacional no hidrogênio verde, anunciando um conjunto de medidas para atrair investimentos no setor. O estado possui um significativo potencial de energia eólica e solar, o que o torna um candidato ideal para produção de hidrogênio verde. Durante uma visita a Portugal em março passado, Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte, estabeleceu acordos para o desenvolvimento de instalações de produção de hidrogênio verde e seus derivados, formalizando dois memorandos de entendimento. Um dos memorandos foi firmado com a Voltalia Brasil, uma empresa francesa com mais de 1 GW em projetos de energia renovável no estado.

Um segundo acordo foi celebrado com o grupo espanhol Enerfín, visando à instalação de um projeto piloto para a produção de hidrogênio verde e energias associadas no Rio Grande do Norte. Nos dois casos, os projetos estão previstos para áreas próximas ao futuro Porto Indústria-Multipropósito Offshore do estado. Em 2022, já havia sido assinado um memorando de entendimento com a Vestas, líder dinamarquesa no setor de turbinas eólicas. Este acordo tem o objetivo de avaliar a viabilidade da implementação de projetos de energia eólica offshore e produção de hidrogênio verde no futuro porto-indústria.

A governadora também teve a oportunidade de apresentar à direção da EDP Renováveis, o programa estadual de hidrogênio verde e o projeto para a instalação do porto-indústria. O local designado para sediar o futuro Porto Indústria-Multipropósito Offshore do Rio Grande do Norte está localizado no litoral Norte, entre as cidades de Caiçara do Norte e São Bento do Norte, a aproximadamente 160 km de Natal. A infraestrutura portuária é um pré-requisito para a exploração da energia eólica offshore e para a exportação de outros produtos, como o Hidrogênio Verde.

“O Rio Grande do Norte tem todas as condições de ser um líder global na produção de hidrogênio verde”, afirmou a governadora do estado. “Temos sol e vento em abundância, o que nos posiciona de maneira única para explorar essa nova forma de energia limpa.” Como parte das medidas, o estado planeja incentivar o desenvolvimento de infraestrutura de produção de hidrogênio, facilitar o acesso a financiamentos e incentivar a pesquisa e o desenvolvimento em tecnologias de hidrogênio. Também é esperado um foco em formação e treinamento, preparando a força de trabalho local para as demandas deste novo setor. Parcerias com universidades e instituições de pesquisa, tanto nacionais quanto internacionais, estão sendo exploradas para garantir que a região esteja na vanguarda da tecnologia de hidrogênio verde.

“O futuro é verde, e o Rio Grande do Norte quer ser uma parte integral dele”, disse a governadora. “Estamos empenhados em fazer do nosso estado um centro global para a produção de hidrogênio verde.” Esta decisão do estado brasileiro sinaliza uma tendência crescente entre as regiões ricas em energia renovável de buscar oportunidades no setor de hidrogênio verde.

Com a demanda global por energia limpa aumentando, a posição do Rio Grande do Norte pode ser estratégica para a economia de energia limpa do futuro. Embora a produção de hidrogênio verde ainda esteja em estágio inicial e enfrentando desafios, como altos custos e a necessidade de infraestrutura adequada, a decisão do Rio Grande do Norte de investir na tecnologia é um passo significativo. O estado está se posicionando como um player pioneiro no cenário de hidrogênio verde, o que pode trazer benefícios econômicos e ambientais a longo prazo.