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figuras folclóricas de Natal

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Um dos maiores temores das crianças da cidade do Natal, além da Viúva Machado e do bandido Baracho, Maria Mula Manca, marcada por uma anomalia física em uma das pernas, era frequentemente vista apoiada em seu cajado de madeira robusto e pesado.

Habitualmente encontrada na região do Grande Ponto ou nas imediações, sobrevivia por meio de esmolas esporádicas de transeuntes. Ela detestava o apelido que lhe atribuíam, reagindo com ameaças levantando seu cajado, mas devido à sua limitação de mobilidade, essas ameaças eram apenas simbólicas. Maria Mula Manca se tornou o centro das atenções em Natal no início dos anos 1960, uma figura intrigante que personificava um escândalo ambulante na cidade.

Segundo os renomados cronistas de Natal, Maria apresentava uma corcunda, trajava roupas que raramente viam limpeza, possuía orelhas proeminentes e pelos visíveis no buço. Era alvo constante de brincadeiras infantis, que, regozijando-se, insistiam em chamá-la pelo apelido que ela detestava, por razões compreensíveis. Irada, ela ameaçava bater nas pessoas, berrava todos os tipos de palavrões e xingava quem a chamasse assim. Maria Mula Manca também era cambista do jogo do bicho e boa parte da cidade a conhecia por suas investidas nas vendas dos jogos.

Maria Mula Manca era fã do político e ex-governador do Rio Grande do Norte, Dinarte Mariz

Maria ganhou reputação por ser uma das maiores entusiastas e fãs do político e ex-governador do Rio Grande do Norte, Dinarte Mariz. Ela sempre fazia fervorosa campanha para o representante da UDN (União Democrática Nacional) e não escondia seu desdém por Aluízio Alves, o maior rival de Mariz. Ela costumava exclamar com convicção: “Vote nos três Ms: Mariz, Maia e Marinho”, em referência a Dinarte Mariz, Tarcísio Maia e Djlama Marinho. Porém, os partidários de Aluízio tinham uma réplica pronta: “Votar nos três emes: Maria Mula Manca.”

Tal era sua admiração por Dinarte que ela conseguiu registrar um momento ao lado do político em uma foto. A sua história se destacou de tal maneira que se tornou uma lenda urbana na cidade, ao lado de figuras como a Viúva Machado e do bandido Baracho.

As mães costumavam alertar seus filhos rebeldes com a ameaça: “Cuidado com a Maria Mula Manca”. Após a vitória de Aluízio Alves, ela regressou à Serra Negra do Norte, sua cidade natal, durante a década de 60. Curiosamente, mesma cidade de origem de Dinarte Mariz.