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Caatinga

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As espécies de morcegos encontradas nas cavernas do Rio Grande do Norte desempenham um papel vital na biodiversidade da região, agindo como polinizadores de várias plantas endêmicas da Caatinga. A importância desses animais é ressaltada por Juan Carlos Vargas Mena, ecologista costarriquenho e explorador da National Geographic Society. Mena veio ao Brasil para contribuir com a tarefa de mapear, monitorar e conservar os morcegos do Rio Grande do Norte, que habitam mais de 1,3 mil cavidades, das quais somente 400 possuem proteção legal. “Há muitas outras cavernas sem proteção, o que torna esses animais vitais vulneráveis”, alerta.

A expedição explorou 65 cavernas inexploradas no estado, com resultados significativos para a conservação dos morcegos locais, incluindo a descoberta de uma colônia do raro morcego Xeronycteris vieirai, endêmico da Caatinga.

A localização dessa colônia, na Serra do Feiticeiro, foi possível graças ao uso de um transmissor GPS em um indivíduo capturado da espécie. Segundo Mena, esta é a primeira colônia da espécie mapeada no Brasil. O Xeronycteris é responsável pela polinização de plantas icônicas da região, como o xique-xique e o mandacaru. Outro achado surpreendente foi uma enorme colônia do morcego-beija-flor (Glossophaga soricina), com cerca de cinco mil indivíduos. Essa espécie tropical, conhecida por se alimentar do néctar de flores, é raramente encontrada em colônias tão grandes.

Foto de Juan Carlos Vargas Mena.
Foto de Juan Carlos Vargas Mena.

A expedição também revelou um dos raros registros do morcego-de-cabeça-chata-sul-americano (Neoplatymops mattogrossensis), com Mena fotografando uma fêmea amamentando seu filhote. Esta espécie é notável por se refugiar em fissuras estreitas, tornando a captura e observação um grande desafio. Uma foto incrível do explorador, não é mesmo?

Por que os morcegos do Nordeste devem ser preservados?

Mena ressalta três aspectos vitais da pesquisa dos morcegos: proteção dos próprios morcegos, conservação dos ecossistemas de cavernas e preservação da flora da Caatinga. A importância dos morcegos vai além da polinização, incluindo a sustentação da vida em ambientes de cavernas através das fezes, que servem de alimento para outros organismos. Além disso, as cavernas são vulneráveis a atividades humanas como turismo, mineração e coleta de guano.

Identificar abrigos de alta diversidade de morcegos, grandes colônias ou espécies raras é fundamental para proteger esses ambientes. “Quanto mais conhecemos, mais poder temos para buscar medidas legais de preservação, evitando consequências como a perda de biodiversidade e desertificação da Caatinga”, conclui Mena.

Areia Branca é um município vibrante, com quase 28 mil habitantes. A cidade, que teve suas origens em uma pequena vila de casas que se estendiam até o cais do porto às margens do Rio Mossoró, agora se espalha pela costa, revelando mais de 40 quilômetros de vistas de tirar o fôlego.

A cidade é bem conhecida pela sua economia centrada na extração e industrialização do sal, e abriga o impressionante Porto-ilha. Este é o principal ponto de passagem da produção salineira nacional, destinada tanto para consumo interno quanto para exportação. Esta proeminência deu a Areia Branca o apelido de “cidade do sal”, mas o local tem muito mais a oferecer, especialmente no que diz respeito ao turismo.

A 30 km da sede do município, encontramos a pitoresca vila de pescadores de Praia de São Cristóvão, parte integrante da praia de Ponta do Mel. É aqui que o sertão se une ao mar, resultando em uma paisagem exótica de falésias avermelhadas e a rica fauna e flora da caatinga. É um intrigante mix de praia e campo, onde não é incomum encontrar vacas e caprinos pastando.

Em Ponta do Mel, os visitantes são recebidos com vistas impressionantes do mar, dunas, salinas e uma vegetação de caatinga única. Apesar de ainda ser uma vila de pescadores, “Mel”, como é carinhosamente conhecida pelos nativos, tem uma infraestrutura turística sólida, com estradas asfaltadas, hotéis e restaurantes. O Farol da Ponta do Mel, com 14 metros, construído em 1889, é outro tesouro local.

Os que desejam estender ainda mais a viagem podem visitar o município vizinho de Porto do Mangue, onde se encontram as Dunas do Rosado. Com uma extensão de 10 km², essas montanhas de “areias coloridas” já serviram de cenário para filmes, novelas e séries como “Maria, Mãe do Filho de Deus”, novelas como “O Clone” e “Flor do Caribe”, e da série “3%” da Netflix.

Localizadas na Praia do Rosado, as dunas fazem parte da unidade de conservação de proteção integral brasileira no Pólo Costa Branca. Ponta do Mel, portanto, é uma combinação rara e fascinante de sertão e mar, com paisagens inesquecíveis que chamam a atenção dos turistas e garantem uma experiência inigualável. Certamente, uma joia a ser descoberta!

O Parque Estadual da Pedra da Boca está localizado no bioma da Caatinga, região notável por suas características geológicas e geomorfológicas únicas, atraindo um público diversificado que inclui acadêmicos, turistas, visitantes casuais e entusiastas de esportes radicais. O ambiente do parque é dominado por uma espetacular formação rochosa de granito porfirítico, marcada pela presença de gnaisses e quartzitos. Estas rochas possuem superfícies arredondadas e exibem longas ranhuras que se estendem do topo até a base, dando um aspecto marcante à paisagem.

O parque se situa aos pés das serras da Araruna e da Confusão, que são formações pertencentes ao planalto da Borborema. A peculiar “Pedra da Boca”, que dá nome ao parque, é uma formação rochosa de aproximadamente 336 metros de altura. O seu destaque está em uma cavidade esculpida ao longo de séculos pela ação erosiva, cuja forma lembra uma imensa boca aberta, como se estivesse prestes a engolir algo.

A natureza deste parque abriga uma ampla gama de espécies endêmicas e raras. Estima-se que haja na área ao menos 21 espécies de répteis e anfíbios, 16 espécies de mamíferos e 125 de plantas. Sua flora exibe a resistência e beleza peculiar do bioma Caatinga, com suas árvores, arbustos e cactos imponentes. A fauna também é um espetáculo à parte, incluindo diversas espécies ameaçadas de extinção que encontraram refúgio neste santuário ecológico.

Entretanto, a Pedra da Boca não é apenas um cenário natural de tirar o fôlego. Ela guarda também vestígios de civilizações antigas, com sítios arqueológicos contendo pinturas rupestres milenares, que permitem vislumbrar as histórias e tradições de povos que viveram nessa região no passado. Para os mais aventureiros, o Parque Estadual da Pedra da Boca é um convite à exploração. Suas trilhas desafiadoras serpenteadas entre a vegetação e formações rochosas proporcionam uma experiência de tirar o fôlego, ao mesmo tempo em que oferecem vistas panorâmicas incríveis da paisagem. E suas formações são propícias para a prática do rapel e outros esportes de aventura.

Preservação e sustentabilidade também são palavras-chave na administração do parque. Além de ações para proteção da flora e fauna, há um constante trabalho de educação ambiental voltado para visitantes e comunidades locais, com o objetivo de enfatizar a importância e necessidade da conservação dos ecossistemas. Os esforços em direção ao turismo sustentável também são notáveis. A capacitação de guias locais e o fomento ao turismo consciente demonstram um compromisso em equilibrar o desenvolvimento econômico regional com a preservação da rica biodiversidade e patrimônio histórico-cultural presente na área.

O Parque Estadual da Pedra da Boca, situado na divisa entre o Rio Grande do Norte e a Paraíba, é mais do que um local de imensa beleza natural. É uma demonstração viva da riqueza cultural desses estados e da imponente resistência do bioma Caatinga. Certamente, uma visita a este parque é uma experiência enriquecedora e inesquecível, unindo aventura, aprendizado e contato direto com a natureza em um cenário de tirar o fôlego.