Alecrim representa um dos bairros mais populares e antigos na cidade de Natal, a capital do estado brasileiro do Rio Grande do Norte. Com a reputação de ser um verdadeiro núcleo de comércio popular da cidade, é amplamente reconhecido e frequentado pelos moradores locais. Se você não encontrou no Google, certamente encontrará no Alecrim.
De acordo com o renomado historiador Luís da Câmara Cascudo, o bairro do Alecrim em seus primórdios era uma vasta área aberta, marcada por plantações de mandioca e milho. A região contava com apenas quatro habitações rudimentares de taipa, cobertas de palha e sem reboco, conhecidas como capuabas, espalhadas aproximadamente em uma légua quadrada.
O bairro já teve diversos nomes ao longo de sua história, como Refoles, Alto da Santa Cruz e Cais do Sertão. Uma das etapas significativas na formação do Alecrim foi a inauguração do Cemitério Público em 1856. Essa ação foi realizada pelo Presidente da Província, Antônio Bernardo de Passos, em resposta a uma epidemia de cólera que elevou as taxas de mortalidade na cidade.
Em 1882, o Presidente das províncias do Rio Grande do Norte, nomeado por carta imperial de 25 de fevereiro de 1882, de 13 de abril de 1882 a 21 de julho de 1883, Francisco de Gouveia Cunha Barreto, deu início à construção do Lazareto da Piedade, que mais tarde se tornou o Hospital dos Alienados. Naquela época, o Alecrim era uma região selvagem, atravessada pela antiga estrada dos Guarapes, que servia como rota de acesso ao sertão. A Praça Pedro II foi uma das primeiras a ser agraciada com fileiras de casas.
Há uma história de que uma senhora, conhecida como Ana Alecrim, tinha o hábito de decorar os caixões de crianças, apelidadas de “anjinhos”, com ramos de alecrim para os enterros no cemitério, o que teria dado origem ao nome do bairro. Uma outra versão atribui o nome à presença abundante da planta alecrim-do-campo na área. Entretanto, a formalização do Alecrim como o quarto bairro de Natal só aconteceu em 23 de outubro de 1911.
O desenho do bairro Alecrim começou a tomar forma sob a liderança do Prefeito Omar O’Grady. Em 1929, ele chamou o arquiteto italiano Giacomo Palumbo para esboçar o Plano de Sistematização para a expansão urbana de Natal. Diz-se que Palumbo, inspirado pela cultura americana, projetou avenidas e ruas amplas, numeradas de 1 a 12, alternando a numeração com nomes de figuras históricas e tribos.
A famosa feira do Alecrim teve início de forma não oficial através de José Francisco, um nativo da Paraíba residente em São José do Mipibu, na década de 1920. A feira começou funcionando aos domingos sob uma mangueira na avenida que hoje leva o nome de Amaro Barreto. Em 23 de março de 1957, Câmara Cascudo reconheceu José Francisco como o fundador da feira, mas apenas no ano seguinte, a Câmara Municipal de Natal aprovou uma lei para sua operação, com uma placa de bronze sendo fixada na rua Nove.
Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, a instalação da Base Naval em Natal acelerou a urbanização do bairro, atraindo pessoas do sertão e outras regiões para negócios na capital. O Alecrim foi oficializado como bairro pela Lei Nº. 251, em 30 de setembro de 1947, durante a administração do Prefeito Sílvio Pedrosa, e teve seus limites ajustados pela Lei nº. 4.330, em 5 de abril de 1993, publicada no Diário Oficial do Estado em 7 de setembro de 1994.
A cena cultural do Alecrim foi marcada pela presença de cinemas até a década de 1980, incluindo o São Luiz, São Pedro, São Sebastião, Paroquial e Olde, que foram fechando gradualmente. Durante os carnavais, a cidade se concentrava nas ruas Sílvio Pélico, Amaro Barreto e áreas próximas para assistir aos desfiles de carros alegóricos, conhecidos como corsos.
O bar Quitandinha, situado na Praça Gentil Ferreira, também faz parte da rica história do bairro. Funcionando como um ponto de encontro, especialmente para boêmios, desde os tempos da Segunda Guerra Mundial, o lugar era famoso pelas conversas que se estendiam até o amanhecer.