A ocorrência de abalos sísmicos no Rio Grande do Norte não é um fenômeno recente. Na verdade, a região já vivenciou tremores de terra de considerável magnitude, particularmente durante a década de 1980. Um exemplo marcante desses sismos foi o que atingiu a área de João Câmara. A cidade teve abalo sísmico de magnitude 5.1 em 30 de novembro de 1986, o que fez casas desabarem e milhares moradores deixarem a cidade. A incidência de sismos nessa região, conhecida por seu solo de terra firme, é uma anomalia em uma nação que é em grande parte poupada da atividade sísmica mais violenta que ocorre ao redor do globo. Contudo, os dados indicam que o Rio Grande do Norte é o estado com o maior número de eventos sísmicos registrados no Brasil.
A explicação científica para essa peculiaridade reside na “Falha de Samambaia”, uma formação geológica que atravessa o estado potiguar. Esta falha geológica é a principal causadora dos abalos sísmicos na região, segundo estudos recentes do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB). A “Falha de Samambaia” é a maior falha geológica do Brasil. Tem 38 km de comprimento por cerca de 4 km de largura e atravessa os municípios de Parazinho, João Câmara, Poço Branco e Bento Fernandes. Sua profundidade varia entre 1 e 9 km. Próximo a ela se encontra a falha geológica de Poço Branco, que apesar de ser bem menor também contribui por alguns tremores naquela região. As atividades sísmicas ao redor da falha de Samambaia são constantes e em alguns casos podem causar tremores de magnitude elevada, como a de 1986.
De acordo com o geólogo e pesquisador da UnB, Dr. Eduardo Menezes, “a Falha de Samambaia é uma formação antiga, cuja atividade tem se intensificado nos últimos anos. Estamos monitorando de perto e acreditamos que ela seja a maior causadora dos abalos sísmicos no Rio Grande do Norte”. Enquanto as pesquisas continuam para entender melhor a atividade da Falha de Samambaia, as autoridades locais estão trabalhando para implementar medidas preventivas e educativas. Entre elas, estão ações de sensibilização e preparação da população para lidar com os tremores, assim como melhorias na infraestrutura para minimizar potenciais danos.
Mesmo que os tremores tenham uma magnitude baixa se comparada a outros eventos sísmicos globais, a frequência com que ocorrem no Rio Grande do Norte gera um alerta para a população e para os cientistas. No entanto, como ressalta o Dr. Menezes, “é preciso entender que a atividade sísmica é um processo natural e estamos trabalhando para entender melhor a Falha de Samambaia e preparar a população da melhor forma possível”.